Em 1948, a segregação racial foi institucionalizada na África do Sul, tornando-se uma política praticada pela minoria dominante branca sobre as demais etnias que, mesmo em maior número, não tinham acesso ao poder. E, assim, negros, indianos, malaios ou qualquer outra etnia não-branca passou a ser considerada, oficialmente, inferior, sendo expulsos de suas moradias com o objetivo de estabelecer bairros onde apenas brancos podiam viver e transitar (vide o que aconteceu no
District Six em Cape Town, episódio retratado em um dos dos museus do centro da cidade). Além disso, os serviços de educação e saúde, entre outros, aos quais os não-brancos tinham acesso, também eram de qualidade inferior, marginalizando cada vez mais esta parcela da população sul-africana.
Parece surreal acreditar que, no passado recente (o Apartheid só acabou em 1994), coisas como esta ainda pudessem existir no planeta. O pior é ter consciência de que, em muitos lugares, isto ainda existe, mesmo que de forma velada. Sentir-se superior por ter uma cor de pele diferente não é, infelizmente, coisa apenas do nosso passado. E como não poderia deixar de ser, é algo que gera revolta.
E, não à toa, o Apartheid gerou uma crescente revolta na classe que, constantemente, era inferiorizada e marginalizada. Revoltas começaram a estourar pelo país. A violência se tornou crescente. E a solução adotada pelo governo foi exilar e prender os líderes revolucionários. Entre eles, um dos maiores ícones da África do Sul, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, que foi preso na Robben Island por mais de 20 anos.
 |
Robben Island e, ao fundo, a Table Mountain |
Mas a Robben Island, pequena ilha localizada na Baia da Mesa, em Cape Town, não teve apenas Mandela como prisioneiro. Inúmeros outros revolucionários, negros, que lutavam apenas por igualdade, foram trancafiados juntos ao seu líder na prisão da ilha, onde tinham que viver em condições sub-humanas, sendo submetidos a trabalhos forçados, celas minúsculas e alimentação precária. E, dentro do próprio presídio, a segregação também era vigente, de modo que negros tinham menos direitos e eram submetidos a maiores sofrimentos.