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segunda-feira, 10 de julho de 2017

O que você precisa saber para fazer um safári na África do Sul

Quando confirmamos a nossa viagem para a África do Sul, a primeira coisa que pensamos foi: "Nós temos que fazer um safári!!". A ideia de sair em um jipe por uma reserva natural africana em busca dos animais que povoam a nossa imaginação era atraente demais para ser ignorada. Nossa viagem, no entanto, se concentraria no sul do país, enquanto é, no norte (já próximo à fronteira com Moçambique), que se localiza o Kruger Park, principal local para se fazer um safári na África do Sul.

Com seus quase 20 mil quilômetros quadrados, a reserva corresponde a maior área protegida de fauna do país, sendo permitida apenas a observação e a fotografia dos animais. A caça é, obviamente, proibida por ter se tornado a principal causa da extinção de várias espécies sul-africanas. A população de rinocerontes no país, por exemplo, sofreu um queda drástica devido à caça ilegal nas últimas décadas. Pois é! Infelizmente, mesmo sendo proibida, ainda há caçadores que conseguem driblar a segurança das reservas naturais. Sinceramente, não entendemos como alguém tem coragem de assassinar animais apenas por dinheiro ou por "prazer" (entre aspas mesmo).

Mas bastou dar uma olhada no mapa da África do Sul e pesquisar um pouco na internet, para percebermos que seria inviável conhecermos o Kruger Park nesta viagem. Se fôssemos a Joanesburgo ou Pretória ficaria bem mais fácil (e olha que são mais de 500 Km separando estas cidades do parque), mas com os dias que tínhamos disponíveis não teria como. 

No entanto, logo encontramos uma forma de não eliminar completamente a experiência de um safári do nosso roteiro: visitar uma game reserve relativamente próxima a Cape Town. Mas o que exatamente é isso?

Conhecendo um rinoceronte na África do Sul


Uma game reserve é uma reserva natural de animais selvagens, na qual os mesmos são levados após serem resgatados de situações de saúde extrema ou de atos ilegais, podendo, assim, ser reintegrados à natureza. A visita de turistas que buscam viver a experiência de um safári é permitida e estimulada, uma vez que fornece o lucro necessário para a manutenção do local. A palavra game faz referência ao safári em si, já que esta experiência nada mais é do que uma espécie de jogo no qual o guia sai com o carro levando os visitantes na busca pelos animais, tentando encontrá-los na sorte, na intuição ou seguindo as pistas que os mesmos deixam pelo caminho.

Obviamente, este game é muito mais difícil e original em uma área enorme como a do Kruger Park. Em uma game reserve, com uma área bem menor e se constituindo em uma ambiente bem mais controlado, os guias, em geral, já sabem mais ou menos onde encontrar os animais. Isto, claramente, pode quebrar um pouco da "magia" que você espera de um safári e dar uma sensação de fake à experiência, mas, por outro lado, torna a procura mais objetiva e eficiente, o que poupa tempo em uma viagem curta. No nosso caso, mesmo não precisando passar horas em busca de um animal, nos emocionamos demais ao encontrar espécies como girafas, elefantes e rinocerontes vivendo livres em seu ambiente natural e não nos arrependemos nenhum um pouco de ter vivido esta experiência.

Os games costumam acontecer no início da manhã e no final do dia, horários em que os animais costumam ser encontrados com mais facilidade, já que, em outras horas do dia, eles têm o hábito de se esconder do sol. Ocorrem em carros abertos (sim, pode dar um pouco de medo no início), sendo fortemente orientado que não deixemos o seu interior de forma alguma. Segundo o nosso guia, o leão, por exemplo, enxerga o carro repleto de pessoas como um único grande animal o qual eles não teriam coragem de atacar. No entanto, se você sai do carro, volta a ser uma presa fácil. Portanto, nada se sair do carro.

À medida que os animais vão sendo encontrados, o guia vai parando o carro e dando informações detalhadas e extremamente interessantes sobre a vida selvagem e sobre cada espécie em particular. E ainda vão respondendo às nossas dúvidas. A fotografia está liberada e é, obviamente, praticada por 10 a cada 10 turistas. Quem não vai querer fotografar uma girafa passando a poucos metros de você ou uma chita cuidando dos seus filhotes, não é mesmo?

E, por falar em fotografia, uma dica importante para o seu safári (ou game) é o local do carro em que você se sentará. Você, obviamente, verá os animais de qualquer lugar, mas será bem mais prático fotografar se você estiver em uma das laterais dos bancos. Da mesma forma, recomendo sentar-se no banco mais traseiro do jipe, já que uma espécie ou outra pode surgir às costas do carro e, estando no último banco, você terá a visão mais privilegiada (nunca vamos esquecer a girafa que passou bem pertinho das nossas costas).


Sobre que roupa usar, é importante frisar que, mesmo durante o verão, os games costumam ocorrer nos extremos do dia quando as temperaturas são mais baixas e você percorrerá áreas bem abertas ao longo do safári, de forma que o vento acabará diminuindo a sensação térmica. Portanto, recomendo que você leve algum agasalho. A game reserve que visitamos, inclusive, fornecia mantas para cada um dos visitantes durante o game que acabaram sendo bem úteis.

Uma característica importante das game reserves é o cuidado com a saúde dos animais, ao mesmo tempo em que se tenta, ao máximo, não interferir na vida dos mesmos, mantendo a sua independência. Eles, por exemplo, não são alimentados pelos humanos, devendo encontrar seu alimento na própria natureza que os cercam. A segurança das várias espécies contra os caçadores ilegais, no entanto, é uma das maiores preocupações destas reservas, que precisam, por exemplo, vigiar, 24 horas por dia, os rinocerontes, cuja extinção é iminente, devido ao lendário uso do seu chifre como afrodisíaco no oriente.

Uma pergunta que deve passar pela mente de quem está se preparando para um safári é se será possível ver todos os animais. Possível até é, mas acredito que seja bem improvável conseguir ver todos, especialmente se você estiver em uma grande reserva como o Kruger Park. Os animais não estarão disponíveis na hora que você quiser para a sua apreciação. Como já citei, eles vivem livres e vão e fazem o que querem. Portanto, é possível que você passe horas no carro sem conseguir ver muitas espécies. 

Mesmo em uma reserva pequena como a que visitamos, não há garantia de se ver todos. Primeiro porque a reserva pode não ter todos os animais (nenhum leopardo vivia na que visitamos, por exemplo). Segundo porque o animal pode não estar querendo aparecer mesmo (direito deles, ora!). Os hipopótamos, por exemplo, só colocaram um pouco da cabeça fora da água e, isso, depois de muita espera.

Portanto, não vá com a certeza de que você conseguirá ver todos os famosos Big Five africanos. Não sabe o que são os Big Five? O termo se refere aos cinco animais que eram considerados os mais difíceis de ser caçados pelo homem (não tem relação com o tamanho dos mesmos), sendo utilizado até hoje nos games pelo continente (mesmo que o objetivo atual dos safáris não seja mais a caça e, sim, a observação). São eles: o leão, o elefante, o leopardo, o búfalo e o rinoceronte.

Um dos Big Five


Classicamente, encontrar os Big Five continua sendo o objetivo principal de todo safári. E cada um que você vê ou fotografa acaba se tornando um pequeno motivo de comemoração. No nosso game, como já falei, não havia leopardo, mas ficamos bem satisfeitos em conseguir apreciar os outros quatro. Aliás, se estivesse em alguma reserva com leopardo, iria querer vê-lo bem de longe, já que ele não é um dos felinos mais amigáveis.

E, finalmente, para quem deve já estar curioso, qual foi exatamente o game reserve que visitamos? 

Escolhemos o Game Reserve Garden Route, tanto pelas ótimas avaliações que vimos na internet quanto pela sua localização em pleno caminho para a famosa Garden Route sul-africana. Afinal, era para a região cortada por esta estrada panorâmica que estávamos nos encaminhando após sair de Cape Town e parar no Game Reserve Garden Route acabou se mostrando estratégico para o nosso roteiro.

O game reserve que escolhemos, assim como os outros existentes no país, conta com hospedagem própria no seu interior. Ao fazer a reserva, você já estará pagando pela hospedagem e pelos games, além da refeição. E, tendo tudo isso incluso, não achamos nem um pouco caro. Para você ter uma ideia, uma diária no quarto mais econômico (que já era maravilhoso), com direito a dois games (um no final do dia em que chegamos e outro no início do dia seguinte), ao jantar e ao café-da-manhã saiu por cerca de 600 reais por pessoa.

Contamos tudo sobre a nossa experiência durante os games e sobre o Game Reserve Garden Route no post seguinte.


OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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