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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Dicas para dirigir pela Toscana

Percorrer a Toscana com um carro alugado foi uma decisão que tomamos assim que compramos a passagem para esta região da Itália. Afinal, queríamos percorrer as belas estradas desta parte do país com calma, ao nosso ritmo, parando onde tivéssemos vontade e com a liberdade de mudar o nosso destino se assim o quiséssemos.

De carro pela Toscana

E foi exatamente o que fizemos, sem nos arrepender desta decisão em nenhum momento. Tivemos, assim, a possibilidade de parar em uma feira para comprar morangos e cerejas em um sábado pela manhã, ao passar pela pequena cidade de Buonconvento. Pudemos decidir, de última hora, ir tomar banho em um balneário de águas termais em pleno Vale d´Orcia. Tivemos a opção de parar na beira da estrada para admirar e fotografar San Gimignano e Pienza de longe. E ainda foi possível passar por Siena para jantar, cidade que nem estava, originalmente, no nosso roteiro.

A liberdade de parar onde quiséssemos

E são exatamente estas experiências inusitadas que acabam entrando na lista de momentos memoráveis de uma viagem.

Mas para dirigir pela Toscana é preciso ter em mente alguns detalhes para evitar surpresas desagradáveis, como acabar saindo da Itália com alguma multa a ser paga em euros. Ninguém vai querer passar por isso, não é mesmo?

Portanto, darei abaixo algumas dicas para ajudar os leitores que pretendem fazer como nós e desbravar as estradas das Toscana de carro.

1. Para dirigir, na Itália, é preciso ter a Permissão Internacional  de Direção (PID)


Cuidado para não reservar seu carro, na Toscana, e chegar à locadora apenas com a sua habilitação brasileira. Muito provavelmente, você não conseguirá sair de lá com o carro, já que as leis italianas exigem que brasileiros estejam em posse da PID.

Portanto, se ainda não tiver este documento, providencie-o no DETRAN da sua cidade assim que decidir dirigir pela Itália.

2. Na Itália, há carros movidos a diesel, o que acaba sendo uma grande economia para o turista.


O diesel é um combustível bem mais econômico do que a gasolina, de forma que alugar um carro na Itália acaba tendo esta vantagem adicional. Na verdade, nós nem sabíamos disso antes de chegar à Toscana, mas recebemos um carro movido a diesel e, pelo que percebemos, a maioria dos carros disponibilizados por lá são assim.

Mas se tiver como especificar isto no momento da sua reserva, melhor ainda. Assim, você estará garantindo uma grande economia. Nós, por exemplo, gastamos bem menos do que teríamos gastado caso o carro fosse à gasolina.

E não se preocupe: há diesel em todo posto de gasolina.

Com o nosso carro a diesel, percorremos as estradas da Toscana economizando no combustível

3. A maior parte dos postos de gasolina funcionam no esquema self service e não ficam abertos 24 horas por dia.


Embora haja frentistas em muitos dos postos de gasolina pela Toscana, eles não estão sempre presentes. Afinal, aos domingos, os postos fecham, o mesmo acontecendo na hora do almoço (entre 12 e 15 horas) e após às 19 horas, no demais dias da semana. Nas autoestradas, é possível encontrar postos que funcionam 24 horas.

Mas não se desespere: muitos dos postos possuem máquinas de auto-atendimento, nas quais você pode realizar o pagamento, após escolher o número da bomba em que parou. Com o pagamento realizado, a bomba é liberada e você mesmo consegue colocar o combustível.

As máquinas costumam aceitar cartão ou dinheiro, mas, neste último caso, elas não fornecerão troco, de forma que você terá que escolher um valor exato para pagar. 

Mas lembre-se de que nem todos os postos possuem estas máquinas. Paramos em alguns pelo Vale d´Orcia que não tinham esta opção e que estavam fechados por ser horário de almoço.

Portanto, é sempre bom evitar dirigir com o tanque na reserva e, se você se sentir inseguro com o esquema self service, procure sempre encher o tanque nos horários em que os postos estão abertos (evitando o domingo).

4. Cuidado com o local que escolher para estacionar o carro.


Não é possível estacionar o carro em toda e qualquer vaga disponível pela Toscana. Muitas das vagas são reservadas para os moradores das cidades ou para o transporte público, de forma que é proibido, para o visitante, parar nestes locais, sob o risco de ganhar uma multa (e ainda ter o carro rebocado). Como saber onde estacionar então?

A dica é sempre estacionar nas vagas delimitadas por faixas da cor azul. Estas são as vagas destinadas aos visitantes e não estão presentes em todos os locais. Nos centros históricos das principais cidades, você, dificilmente, encontrará uma vaga como esta, a não ser próximo a alguns pontos turísticos populares, como a Torre de Pisa, por exemplo.

A faixa azul indica uma vaga onde o visitante pode parar o seu carro


Para achar um local com faixas da cor azul, às vezes, penávamos um pouco, mas o aplicativo de navegação que utilizamos (Waze), nos ajudou bastante, pois sempre mostrava estacionamentos próximos. Ao seguir para lá, procurávamos por faixas azuis. Se não a encontrássemos (ou se já estivessem todas lotadas), seguíamos para algum outro estacionamento.

Ao parar o carro em um destes locais destinados ao visitante, você não pode, simplesmente, ir embora sem pagar. Isto mesmo: estes estacionamentos não são gratuitos em sua maioria e você deve procurar a máquina específica para realizar o pagamento antes de sair passeando.

No momento do pagamento, você deve indicar a quantidade de horas que pretende permanecer com o carro parado ali. O parquímetro, então, irá calcular o valor a ser pago, lembrando que apenas moedas poderão ser usadas. Realizado o pagamento, será emitido um bilhete, que você deverá colocar no para-brisa do seu carro. Em caso de fiscalização, o fiscal irá confirmar se você pagou e checará o horário limite que estará impresso no bilhete.

Utilizando o parquímetro. Na foto, estamos apertando o a tecla com o símbolo "mais" que vai aumentando em meia hora o tempo previsto para ficar estacionado. A cada clique, o valor a ser pago aumenta.

A parte chata deste processo é ter que adivinhar a quantidade de horas que você permanecerá em cada local. Para evitar qualquer correria, nós sempre colocávamos, no mínimo, meia hora a mais do tempo previsto, o que acabou funcionando em todos os locais em que estacionamos.

Após uma determinada hora da noite, não é mais preciso pagar na maior parte dos estacionamentos disponíveis. Em Siena, por exemplo, como já eram 20 horas, não precisamos pagar.

Mas nem todos os estacionamentos que encontramos funcionavam assim. Em Pisa e em San Gimignano, por exemplo, o pagamento só era feito na saída (como o estacionamento tinha cancela, era possível saber o momento exato de chegada para calcular o preço). Há também estacionamentos gratuitos, mas estes costumam ser mais distantes dos centros históricos.

O valor dos estacionamentos não costuma ser caro, mas costuma variar bastante de acordo com a província. Nas províncias de Pisa e Lucca, por exemplo, o estacionamento era mais barato do que na província de Siena. Em média, no entanto, gastamos entre 1 a 5 euros em cada estacionamento, valor que variava de acordo com o tempo estacionado e a província onde estávamos.

Abaixo, listamos os locais onde estacionamos em cada local:

Pisa: saímos do aeroporto de Pisa, onde pegamos o carro, direto para a famosa Piazza del Miracoli, onde está a famosa Torre de Pisa. Na extremidade oposta da praça, do outro lado da Via Bonanno Pisano, por onde chegamos ao local, há um estacionamento público onde os visitantes podem parar seus veículos. O mesmo é pago e tem cancela, sendo o pagamento feito na saída em uma máquina de auto-atendimento. Estava custando 2 euros por hora na época da nossa visita.

Lucca: paramos o carro em um estacionamento na avenida Viale Giosuè Carducci, de frente para a muralha da cidade antiga de Lucca, próximo Porta San Pietro (um dos portões de acesso à cidade murada). O estacionamento era pago e seguia o esquema explicado acima, com pagamento antecipado, indicando-se o tempo em que ficaríamos estacionados ali, através do parquímetro.

Volterra: estacionamos já no topo da colina onde fica a cidade, já no limite do centro histórico. Por sorte, encontramos uma garagem subterrânea na Viale dei Ponti já no ponto da rua em que não poderíamos mais seguir em frente com o carro. A garagem se chamava Parcheggio La Dogana e o pagamento era feito apenas na saída, com a diferença de, neste caso, ser feito para um funcionário no local.

San Gimignano: chegando ao muro da cidade por onde os turistas têm acesso à mesma, você encontrará à esquerda de quem chega um estacionamento pago com cancela. O pagamento era feito apenas no final em um esquema semelhante ao de Pisa.

Buonconvento: paramos na Piazza Giuseppe Garibaldi, logo na entrada da cidade, onde estava montada um feira de produtos trazidos pelos fazendeiros da região. O estacionamento era pago, devendo-se utilizar o parquímetro como explicado acima.

Montalcino: foi o local onde tivemos mais dificuldade em encontrar estacionamento, provavelmente, por termos chegado à cidade próximo ao horário do almoço, no pico de visitação. O melhor estacionamento, sem dúvida, era o localizado ao lado da Rocca de Montalcino, uma antiga fortaleza da cidade. O local, no entanto, era minúsculo e não encontramos mais vaga. Seguimos, então, pela Via Pietro Strozzi até encontrar um grande estacionamento: o Parcheggio Pietro Strozzi. O esquema de pagamento é semelhante ao de Lucca e de Buonconvento, pagando no auto-atendimento com antecedência. Do estacionamento, parte uma escada que leva até o centro de Montalcino.

Pienza: tivemos um pouco de dificuldade de encontrar um estacionamento na pequena cidade onde pudéssemos parar. Mas acabamos o encontrando na estrada SP146 (que passa por dentro da cidade), bem próximo à Via degli Archi. Embora o google maps indicasse o estacionamento como gratuito, vimos que havia parquímetro.

Siena: conseguimos encontrar uma vaga em torno na praça Giardini la Lizza e nem precisamos pagar uma vez que já eram oito horas da noite, horário a partir do qual o estacionamento era gratuito.


5. Na maior parte do tempo, não é possível entrar com o carro no centro histórico das cidades da Toscana.


Não pense que o fato de estar com um carro alugado significa que você possa dirigir por todos os lugares dentro das cidades da Toscana. Na verdade, o acesso aos centros históricos podem ser restritos aos moradores, devendo o turista ficar atento para não dirigir por área proibida, o que pode também acarretar multas.

Em geral, há placas indicando que o acesso é proibido. Em alguns locais, estas placas são digitais, alternando entre a permissão e a proibição de acordo com o dia e o horário. Na nossa opinião, o melhor mesmo é evitar os centros históricos para não acabar passando por alguma placa dessas sem perceber.

No caso do seu hotel ficar no centro histórico, no entanto, recomenda-se que você avise ao hotel que estará com carro alugado e informe ao mesmo o modelo e a placa do veículo, para que, assim, você possa circular livremente.

No nosso caso, sempre estacionávamos o carro no estacionamento permitido mais próximo do centro  histórico e seguíamos a pé até o mesmo. Apenas em Florença nos arriscamos com o carro, já que o nosso hotel ficava praticamente no centro da cidade. 

O problema foi na hora de seguir até a locadora para entregar o veículo, pois o aplicativo indicou um caminho que cortava o centro histórico. Logo percebemos que estávamos em zona proibida já que vimos uma placa que indicava que não poderíamos seguir em frente.

A solução foi procurar por rotas alternativas no aplicativo. Escolhemos uma que, pelo mapa, dava a volta no centro. O caminho ficou mais longo, mas conseguimos chegar à locadora sem passar por zonas restritas.

6. Há poucos pedágios nas estradas da Toscana.


Em 5 dias dirigindo pela Toscana, vimos poucos pedágios e percebemos que eles se limitavam às autoestradas. No segundo dia, quando seguimos pela autoestrada que nos levaria à Ligúria, havia um pedágio. Nos demais dias, ficamos mais restritos, na maior parte do tempo, às pequenas estradas que interligam as pequenas cidades da província e só demos de cara com pedágios quando tínhamos que pegar alguma autoestrada.

Uma ótima notícia, pois isto significa economia.

7. E como foi a nossa experiência?


Para facilitar o nosso roteiro, nós resolvemos pegar o carro em Pisa, onde pousou o nosso voo e devolvê-lo em Florença, de onde seguiríamos de trem até Milão. Vale ressaltar, no entanto, que a maioria das locadoras cobram uma taxa extra quando a entrega é feita em uma cidade diferente.

Por sorte, durante nossas pesquisas, descobrimos que a locadora Avis, não cobrava esta taxa, o que foi determinante para que a escolhêssemos. Não tivemos nenhum problema com o carro nem no momento da locação, de modo que ficamos bastante satisfeitos.

Também priorizamos as estradas menores, evitando as autoestradas, o que, além de ter tornado a viagem mais agradável, nos livrou de pedágios. Somado a isto, ainda saímos da locadora com um carro a diesel, o que aliviou bastante o nosso bolso durante a viagem.

E, pelos motivos citados no início deste post, não nos arrependemos nem um pouco de ter optado pelo aluguel do carro. Acabamos conhecendo bem mais lugares do que se tivéssemos optado pelo transporte público. E com bem mais qualidade do que se tivéssemos optado pelas excursões.

Portanto, recomendo a todos que estejam pensando em visitar a Toscana que considere fortemente percorrê-la de carro. Você, dificilmente, irá se arrepender.


Tem como se arrepender de dirigir em uma estrada assim?



OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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