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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Dicas para visitar Torres del Paine

O Parque Nacional Torres del Paine, localizado na Patagônia Chilena, ao norte da cidade de Puerto Natales, corresponde a uma das principais reservas naturais do Chile e impressiona pela beleza de suas paisagens. Composto por montanhas, lagos, rios e glaciares, o parque faz a alegria dos amantes de trilhas e aventuras, mas também daqueles que querem apenas apreciar o esplendor da natureza chilena.

Parque Nacional Torres del Paine

Seu nome é uma referência aos picos de granito localizados no parque e conhecidos como Torres del Paine (vistos na foto acima). Mas a cadeia de montanhas ali presente não se resume apenas a estas famosas formações rochosas e nos impressiona também com os icônicos Cornos del Paine.

Os Cuernos del Paine e o Lago Pehoé

Dos muitos lagos e lagunas que compõem o parque destacam-se: o Pehoé, o Grey, o Nordenskiöld, o Sarmiento e o Toro. Já os rios Paine, Grey e Serrano estão entre os mais vistos pelos turistas, assim como duas pequenas cascatas: o Salto Grande e o Salto Paine.


Rio Serrano (ao fundo, o Maciço del Paine)


Salto Grande

A região do parque formada por glaciares está no seu limite oeste, onde ele faz fronteira com um outro importante parque nacional chileno, o Bernardo O´Higgins. Entre os glaciares, destaca-se o Glaciar Grey, responsável pela formação do Lago Grey.

O Glaciar Grey ao fundo

Obviamente, o que fiz acima foi um resumo, citando os pontos mais conhecidos do parque, já que, na verdade, ele possui muitos outros cerros, lagunas e rios, de modo que seriam necessários muitos dias para se conhecer tudo. 

No entanto, muitos destes lugares são acessíveis apenas após longas trilhas e, se sua intenção for percorrer o parque de carro, fazendo algumas trilhas menores (ou nem isso) ficará restrito apenas a algumas das atrações mais famosas (foi o que fizemos e já adiando que foi bem satisfatório).

Mas se você for adepto de trekking, montanhismo e camping, é possível passar dias nas trilhas de Torres del Paine, acampando pelo caminho.

E, como o parque é grande e requer planejamento, especialmente se seu objetivo for fugir de excursões, daremos abaixo algumas dicas que pode ajudá-lo.

Como chegar ao Parque Nacional Torres del Paine?


Estando no Chile, a principal cidade que serve de base para quem vai conhecer o parque é Puerto Natales, localizado a cerca de 60 Km (embora as entradas exatas estejam mais distantes do que isso - ver abaixo). De lá, você pode seguir de carro alugado ou de excursão pela Rota 9 até um pequeno povoado conhecido como Villa Cerro Castillo, a partir de onde você pegará uma estrada de rípio, que te levará até uma das entradas de Torres del Paine (há placas no caminho, mas um bom aplicativo de navegação pode te ajudar).

O mapa mostra a Rota 9 que vai de Puerto Natales até o povoado Villa Cerro Castillo. A partir daqui, pega-se uma estrada de rípio, cujo caminho está indicado por setas azuis. Esta estrada leva até a principal entrada do parque: a Porteria Laguna Amarga.

A caminho de Torres del Paine

Há ainda uma outra estrada, a Y-290, que vai de Puerto Natales até a Porteria Serrano, uma das três entradas do parque, localizada no seu extremo sul. Embora seja menos distante, esta estrada é quase toda de rípio. É a mesma estrada que passa pela Cueva del Milodón.

Puerto Natales tem tanto locadoras de carro quanto agências de viagem oferecendo o passeio. Obviamente, com esta segunda opção você estará limitado a um roteiro engessado que não te dará tempo livre para permanecer nos seus locais preferidos por mais tempo. E, por isso, preferimos alugar um carro.

Se esta também for a sua opção, abasteça o carro ainda em Puerto Natales, pois você não mais encontrará posto de gasolina até Torres del Paine. Cheguei a ler que alguns hotéis vendem galões de gasolina aos hóspedes, mas acredito que já seguir para lá de tanque cheio seja a melhor e mais garantida opção.

Há também ônibus regulares que vão da rodoviária de Puerto Natales até a entrada do parque (Portaria Laguna Amarga). O inconveniente desta opção é que você até consegue chegar a Torres del Paine, mas só terá suas pernas para se locomover por lá. Na alta temporada (de outubro a abril), são dois os horários de saída: às 7:30h e às 14:30h. O mapa abaixo mostram os outros dois pontos de parada dos ônibus, no centro do parque.

Mapa retirado do site oficial de Torres del Paine, mostrando, circulados em vermelho, os três locais onde os ônibus de Puerto Natales param: a Porteria Laguna Amarga (uma das entradas do parque), a Cafeteria Pudeto e a Sede Administrativa. Para acessar o mapa completo, clique aqui

Já do parque, eles retornam também em dois horários, saindo da Portaria Laguna Amarga: às 14:30h e às 19:45h. 

Na baixa temporada, a frequência dos ônibus é bem variável e depende da procura. São empresas que realizam a rota: Buses JB, Buses Goméz e Buses Sur. 

Para chegar em Puerto Natales, fomos dirigindo a partir de Punta Arenas, cidade mais ao sul (a principal da região), onde chegamos de ônibus vindos de Ushuaia. Embora haja aeroporto em Puerto Natales, com voos provenientes de Santiago, estes são mais escassos. 

Já o aeroporto de Punta Arenas é mais movimentado e possui mais conexões (um voo de Santiago para lá demora, em média, 3 horas). Chegando a Punta Arenas, se não quiser alugar carro, você pode pegar um ônibus e, em cerca de 3 horas, você estará em Puerto Natales.

Demos detalhes de como ir de Punta Arenas para Puerto Natales em outro post.

Mas há um outro local de interesse turístico dentro da Patagônia, de onde você pode querer ir até Torres del Paine: El Calafate, na Argentina. Por distarem apenas 211 Km, muitos turistas seguem da cidade argentina até o parque chileno dirigindo um carro alugado ou indo de ônibus até Puerto Natales.

O trajeto demora cerca de 3 horas de carro e 5 horas de ônibus. A fronteira encontra-se próximo à Torres del Paine, em Cerro Castillo. Já explicamos os detalhes da fronteira no post em que falamos como é dirigir pela Patagônia.

A empresa Cootra Ltda faz o trajeto entre El Calafate e Puerto Natales diariamente, saindo da primeira às 7:30h da manhã. 

A Bus-Sur faz a rota em dias específicos (de agosto a maio): quartas, sextas e domingos, saindo às 8 horas da manhã. A partir de novembro, há também ônibus às terças, quintas e sábados, saindo às 16:30h. 


Por onde entrar no Parque Nacional Torres del Paine?



Considerando o tamanho do parque chileno é de se esperar que ele não tenha uma entrada única. Na verdade, há 3 entradas principais pelas quais os turistas podem ter acesso:

1. Portería Laguna Amarga (no limite leste do parque): a principal delas, recebe este nome por estar próxima à Laguna Amarga. É a entrada mais próxima do ponto de acesso à trilha que vai até base das torres, uma das trilhas mais populares do parque (inclusive, de lá é possível pegar um transfer por 3 mil pesos chilenos até o Welcome Center, localizado próximo ao início da trilha). Foi por esta portaria que acessamos o parque. Funciona das 8:30 às 20 horas na alta temporada e das 8:30 às 17:30h na baixa. Fica a 116 Km de Puerto Natales.

Porteria Laguna Amarga (não, este não era o nosso carro)

2. Portería Lago Sarmiento (no limite leste do parque): localizada próxima à anterior, só vejo sentido em acessar o parque por ela se você estiver hospedado próximo. Mas, neste caso, você perderá a vista que se tem das famosas torres ao seguir pela estrada que leva à Portaria Laguna Amarga.  Seu horário de funcionamento é igual ao da Portaria Laguna Amarga. Fica a 112 Km de Puerto Natales.

Esta é a vista que você pode ter ao escolher entrar pela Porteria Laguna Amarga. Na nossa entrada, não vimos nada pois estava tudo nublado. Mas resolvemos sair do parque também por este mesmo ponto acesso e, aí sim, conseguimos ver a paisagem limpa.

3. Portería Serrano (no limite sul do parque): está próxima ao rio Serrano, em cujas margens se concentram muitos dos hotéis do parque. É a entrada mais próxima de Puerto Natales (80 Km) e a  que passa mais tempo aberta na alta temporada (das 7 às 22 horas). Já na baixa temporada, abre apenas das 8:30 às 18:15h.

Porteria Serrano

Das três portarias citadas, apenas para e da primeira seguem e saem os ônibus regulares que ligam Puerto Natales ao parque.

A escolha de por qual entrar e por qual sair depende da logística do seu roteiro e do local da sua hospedagem (caso se hospede dentro ou próximo ao parque).

Recortes mostrando as 3 portarias de acesso à Torres del Paine: Laguna Amarga, Lago Sarmiento e Serrano



Comprando o ingresso para acessar o Parque Nacional Torres del Paine


Chegando às portarias do parque, você deverá comprar o ingresso para ter acesso. O custo atual é de 21 mil pesos para turistas estrangeiros (de 1 de outubro a 30 de abril). Na baixa temporada, o valor cai para 11 mil pesos chilenos. Não aceitam, até o momento, pagamento com cartão. Para preços atualizados, visitar o site oficial.

Fique atento ao "only cash"

Durante a compra do ingresso, o turista recebe ainda um mapa bem completo do parque, com indicações das trilhas, áreas de acampamento, mirantes, hotéis, portarias, entre outras informações. Para ver o mapa, clique aqui

O ingresso permite que o visitante entre no parque por 3 dias seguidos. Portanto, você pode sair e retornar sem precisar pagar uma nova entrada. No entanto, é preciso informar ao funcionário da portaria por onde estiver saindo que pretende voltar no dia seguinte para que o mesmo possa carimbar seu ingresso com a autorização. Sendo assim, se você estiver hospedado em Puerto Natales, pode ir e voltar sem problema.

No nosso caso, mesmo sabendo desta orientação de falar com o funcionário na saída do parque, acabamos saindo sem perceber. Explico: nosso hotel, às margens do rio Serrano, ficava, na verdade, fora dos limites do parque. No entanto, não sabíamos disso e, ao passar pela Porteria Serrano, da qual o hotel ficava super perto, não percebemos que se tratava dela (achei que era apenas um centro de visitantes).

Cheguei, inclusive, a entrar no local para confirmar com os funcionários que o hotel ficava ali perto. Mas apenas no dia seguinte, quando seguíamos do hotel para outras atrações do parque, tivemos que parar na portaria e quando o funcionário nos pediu o ingresso, foi que nos tocamos de que se tratava da Porteria Serrano. Expliquei o mal entendido e o funcionário, muito simpático, entendeu e nos deixou passar. Já imaginou ter que pagar por outro ingresso?


Onde se hospedar no Parque Nacional Torres del Paine



Se você preferir reservar um hotel em Puerto Natales, não terá que se preocupar com esta questão. Mas, neste caso, você tem que considerar o cansaço de ir e vir em dias seguidos, especialmente se você estiver dirigindo e tiver feito algumas das trilhas mais extensas.

Por outro lado, se você preferir a comodidade de se hospedar no parque, terá que arcar com os preços mais altos. E, considerando o isolamento do local, o valor das diárias pode ser mesmo um impeditivo.

Como estávamos em três (o que iria diluir o valor da diária) e partiríamos do parque direto para El Calafate, preferimos passar a noite por lá. Mas se tivéssemos mais uma noite disponível, não teria rolado. Caro demais!

Nós nos hospedamos no Hotel del Paine, situado às margens do rio Serrano e próximo à Porteria Serrano, e amamos a experiência. A janela do quarto era voltada para as montanhas do parque (o Maciço do Paine) e todo o visual em torno era inebriante. O quarto, embora pequeno, era confortável, tinha calefação e com limpeza impecável.

O bangalô onde ficamos no Hotel del Paine


Nosso quarto


A vista da janela


A área externa do hotel, às margens do rio Serrano

Melhor forma de relaxar no fim de um dia de passeio pelo parque

O hotel oferecia um jantar bem diversificado (não incluso no valor da diária), mas também muito caro. No entanto, não havia outras opções, já que você não encontrará restaurantes no parque, ficando limitado ao seu hotel. A comida era servida no estilo buffet, de modo que podíamos nos servir quantas vezes quiséssemos. E, embora não fosse algo espetacular, o jantar estava muito bom, assim como as sobremesas.

Outras opções de hotéis no interior do parque:

Hotel Lago Grey: localizado próximo ao lago que dá nome ao hotel. Um dos mais bem avaliados do parque. Dele parte o passeio de barco pelo Lago Grey (ver abaixo).

Hosteria Pehoé: situado em um dos locais mais lindos do parque, em uma ilha no meio do Lago Pehoé (há uma ponte para pedestres que dá acesso ao hotel). Iríamos ficar nele, mas demorei a fazer a reserva e esgotaram os quartos disponíveis.

Hosteria Pehoé, localizado na ilha no meio do lago

Explora Patagônia: às margens do Lago Pehoé, este hotel fica relativamente próximo ao anterior, no centro do parque.

Rio Serrano Hotel: situado próximo ao Hotel del Paine, também às margens do rio Serrano. Tem uma piscina coberta com vista para as montanhas.

Pampa Lodge, Quinchos e Caballos: na mesma localização que o Rio Serrano Hotel, parece ter um padrão semelhante.

Hotel las Torres Patagônia: o mais próximo da trilha que leva até a base das Torres del Paine (uma das trilhas mais populares do parque). Fica a cerca de 7 Km da Portaria Laguna Amarga.

Ecocamp Patagônia: uma espécie de acampamento de luxo, com barracas em forma de cúpula e com banheiro privativo. Está próximo ao Hotel las Torres Patagônia.

Tierra Patagônia Hotel & Spa: um dos hotéis mais luxuosos do lugar, está situado no limite leste do parque, próximo às margens do Lago Sarmiento.

Se você quiser ficar no parque, mas tendo diárias não tão caras como as dos hotéis citados acima, há algumas opções na área do Rio Serrano, como o Cabañas Lago Tyndall, o Konkashken Lodge e o Vista al Paine. Já deu para perceber que esta é a parte do parque (ou quase do parque, já que está no seu limite sul, bem próximo à Portaria Serrano) que mais concentra opções de hospedagem, né?

Esta foto mostra, às margens do rio Serrano, os hotéis que se concentram nesta área

E se quiser economizar ainda mais, você pode acampar nas áreas reservadas para camping dentro do parque. Na verdade, se você pretende fazer as duas maiores trilhas, conhecidas como W e O, que demora dias, você terá que acampar em áreas destinadas para tal, conhecidas como refúgios e que dispõem de uma estrutura básica para os amantes de trekking. Mas, nesse caso, é preciso, fazer sua reserva com até 6 meses de antecedência no site oficial de Torres del Paine (obrigatoriedade existente desde 2016). Para ver mais detalhes sobre esta reserva, clique aqui.

Para os campings localizados nas margens do lago Pehoé e do Rio Serrano, não precisa realizar reserva. E nada de acampar em áreas que não são destinadas para isso. O mapa que entregam no centro de visitantes mostra os lugares em que a prática é permitida.

Recorte do mapa oficial de Torres del Paine, mostrando, circulados em vermelho, o símbolo que indica uma área onde é permitido acampar. Nestes casos, às margens do Lago Pehoé.

Onde comer dentro do Parque Nacional Torres del Paine


Não há muitas opções para comprar comida no interior do parque e, mesmo nas existentes, você terá mais acesso a poucas opções de lanches. Encontramos 3 locais ao longo do nosso passeio:

Cafeteria Pudeto: localizada próxima ao Salto Grande, vende sanduíches, café e refrigerante. O seu interior é pequeno e estava bem cheio quando o visitamos. Tem vista para o lago Pehoé e possui sanitários. É de lá que partem os barcos que fazem o passeio turístico pelo lago Pehoé (ver abaixo) e funciona também como um dos pontos de parada dos ônibus que vêm de Puerto Natales.

Cafeteria Pudeto


Vista do Lago Pehoé. Vê-se também o píer de onde parte o barco que faz o passeio turístico pelo lago.

Menu da Cafeteria Pudeto

Mapa mostrando a localização da Cafeteria Pudeto


Guarderia Grey: localizado um pouco depois do Hotel Grey é onde se inicia a trilha de cerca de 2 horas (ida-e-volta) pela extremidade sul do Lago Grey (ver abaixo). Corresponde há uma ampla estrutura moderna, com sanitários e venda de lanches e água. Ficamos com a impressão de ser servido almoço, mas não conseguimos confirmar.

Estrutura de apoio ao visitante localizada em frente à Guardería Grey e de onde parte a trilha que leva ao Mirador Grey localizado no extremo sul do lago de mesmo nome

Início da trilha até o Mirador Grey no extremo sul do Lago Gray, saindo da estrutura mostrada na foto acima.


Welcome Center Torres del Paine: situado pouco antes do Hotel las Torres, próximo ao início da trilha até a base das torres (ver abaixo), corresponde a uma espécie de centro de visitantes, onde os turistas que estão iniciando ou terminando a trilha podem descansar, tomar um café, lanchar, usar os sanitários, e aguardar o transfer que liga o local à Porteria Laguna Amarga (e que cobra 3000 pesos chilenos). De lá, vê-se o pico das famosas torres e pode-se ainda comprar apetrechos úteis para o trekking em uma loja especializada anexa ao local.

O Welcome Center, localizado próximo ao início da trilha até a base das torres



O Welcome Center visto de outro ângulo

As famosas torres vistas da área externa do Welcome Center. Pena que não tivemos coragem se seguir a cansativa trilha até as suas bases.

Tendo poucas opções dentro do parque, é recomendado, então, que você leve consigo lanche e água na sua mochila. Os mercados de Puerto Natales costumam ficar cheios de turistas fazendo sua feira básica para seguir a Torres del Paine no dia seguinte. Nós, por exemplo, compramos frutas, biscoitos, chocolate e sucos de caixinha para levar.

Quer dizer, então, que não terei como ter acesso a uma refeição de verdade dentro do parque?

Calma! Se você não abre mão de uma boa refeição em um único dia de passeio, você pode seguir, na hora do almoço, para algum dos hotéis do parque já citados acima. Eles possuem restaurantes, mas esteja ciente que o valor pago será bem alto.

Você pode, por exemplo, almoçar na Hostería Pehoé, com esta incrível vista

E caso você resolva pernoitar em um deles, acabará tendo que pagar este valor pelo jantar no restaurante do hotel (caso não tenha feito a reserva no sistema all inclusive), já que não há restaurantes fora dos mesmos.

O que fazer no Parque Nacional Torres del Paine


Embora "apreciar a natureza" seja a resposta mais óbvia, há várias formas de se fazer isso dentro do parque. Você pode escolher entre as várias trilhas disponíveis (ver abaixo) e, assim, ter acesso a lugares onde não é possível chegar de carro. Pode ainda optar por percorrer uma parte do parque à cavalo (passeio que deve ser reservado com agências). Ou, então, pode navegar por um dos lagos da reserva.

Há duas navegações principais no parque:

1. A navegação pelo Lago Pehoé é realizada pela empresa Hipsur e zarpa de dois pontos do parque: do píer da Cafeteria Pudeto (já mostrada acima) e de um local conhecido como Paine Grande, indo de uma para outra em cerca de 30 minutos. Custa 28 mil pesos ida-e-volta mas você pode fazer o trecho em apenas um sentido por 18 mil pesos, descendo em Paine Grande, onde se pode iniciar algumas trilhas do parque. O número de passeios é de até 4 vezes ao dia, variando de acordo com a época do ano. Você pode checar os horários disponíveis neste link.

Barco que faz o passeio pelo Lago Pehoé, atracado no píer da Cafeteria Pudeto

Recorte do mapa de Torres del Paine, centralizado no trajeto de barco pelo Lago Pehoé (tracejado em marrom). O barco liga a Cafeteria Pudeto à Guadería Paine Grande. Desta última, partem três longas trilhas (tracejadas em vermelho). Entre elas, aquela até o Mirador Grey na extremidade norte do Lago Grey (não confundir com a trilha até o mirador da extremidade sul, já citada anteriormente).

2. A navegação pelo Lago Grey, que se inicia no Hotel Grey e vai até o Glaciar Grey, chegando bem próximo à geleira. O passeio dura 3 horas e custa, no momento, 80 mil pesos chilenos durante a alta temporada (quando ocorre 4 saídas ao dia). Na baixa temporada, o barco sai do hotel apenas 2 vezes ao dia, caindo o valor para 75 mil pesos. Para informações sobre os horários de partida e, até mesmo, para deixar seu passeio reservado, você pode visitar o site do Hotel Grey.

O Lago Grey, por onde ocorre a navegação saindo do Hotel Grey

O mapa destaca o trajeto do barco pelo Lago Grey, até o glaciar (tracejado em marrom)


E já que falamos do Lago Grey, uma outra atividade dentro do parque é fazer uma caminhada sobre o Glaciar Grey. O passeio dura cerca de 5 horas e é oferecido apenas pela empresa Big Foot Adventure Patagonia, que leva os visitantes em dois horários diários até a geleira: às 8 horas e às 14:30h. O preço atual do tour é de 104.500 pesos chilenos (incluindo o barco que leva o turista até as proximidades do glaciar).  Os grupos têm um limite máximo de 15 pessoas (e um mínimo de 2). O passeio é oferecido apenas de outubro a abril.

Infelizmente, não fizemos nenhum dos passeios citados acima. Na verdade, nós optamos por percorrer o parque de carro (há estradas de rípio que permite o acesso do veículo a pontos específicos da reserva). No caminho, há mirantes estrategicamente posicionados, onde pudemos ir parando o carro para apreciar a paisagem. Também fizemos uma trilha em uma destas paradas, a que leva ao Mirador Grey no extremo sul do lago (havíamos planejado fazer duas, mas abortamos uma delas por condições climáticas desfavoráveis).

Um dos mirantes ao longo da estrada de rípio dentro do Parque Nacional Torres del Paine: o Mirador del Nordenskjöld

A trilha que escolhemos fazer até o Mirador Grey, na extremidade sul do lago Grey, nos proporcionou a bela visão deste pequeno iceberg.

Eu tinha, inclusive, receio de não valer à pena este tour com carro alugado, mas logo vi que já estava valendo assim que entramos no parque. Como não somos adeptos a trilhas, esta opção foi perfeita. E se você acha que é preciso um carro grande, 4x4, engana-se. Mesmo na chuva (e chegamos a pegar mais de uma precipitação no parque), dá para dirigir tranquilamente um carro pequeno por lá (não ultrapassando os 60 Km/h).

Damos mais detalhes sobre o nosso passeio de carro por Torres del Paine, assim como sobre os mirantes de Torres del Paine, em um post específico.

Dirigindo pela estrada de rípio do parque nacional. Mesmo Na chuva, não tivemos grandes dificuldades


Por fim, você pode optar por um tour de um dia pelo parque através de alguma agência. Há muitas opções em Puerto Natales ou em Punta Arenas oferecendo o passeio. Este tour seguirá pelos mirantes que se tem acesso a partir da estrada, mas você não terá tempo de fazer as trilhas e ficará com seu roteiro bastante engessado. No entanto, é uma ótima opção para quem está com pouco tempo e não quiser alugar um carro.


As trilhas do Parque Nacional Torres del Paine


Trilha é o que não falta em Torres del Paine. Como vantagem, elas podem levar o visitante para muitos lugares que não temos acesso de carro, permitindo o contato com paisagens únicas e isoladas.

A boa notícia é que há trilhas para todos os gostos. Se você é amante de trekking, há opções que duram mais de um dia, envolvendo o pernoite em refúgios específicos para acampamento. Se você não curte trilha, mas não se importaria de caminhar por algum tempo para ver alguma paisagem de tirar o fôlego, há trilhas menores com durações que variam de minutos a horas.

As duas trilhas mais puxadas do parque são o Circuito W e o Circuito O. O primeiro tem cerca de 70 Km de extensão e costuma ser feito em 5 a 6 dias e, mesmo os menos experientes em trekking podem se aventurar. Já o Circuito O tem aproximadamente 120 Km e é mais indicado para os que tem mais experiência com trekking e montanhismo, de modo que o W acaba sendo mais procurado do que o O. Este último engloba, em sua metade sul, o próprio circuito W, como é possível perceber na imagem abaixo.

O recorte do mapa de cima mostra o Circuito W tracejado em vermelho (deu para entender o seu nome, né?) e o de baixo mostra o percurso completo, formando o Circuito O.

Se você não se vê fazendo nem um dos dois circuitos mencionados anteriormente, mas, ainda assim, deseja testar seus limites e viver a sensação de passar horas numa trilha para ter uma incrível recompensa no final, pode optar pela trilha até o Mirador base de las Torres, uma das mais populares do parque (e correspondente à "perna" leste do Circuito W).

Esta trilha tem início no Hotel las Torres e segue, por cerca de 4 horas e meia até uma laguna na base das três torres de granito que dão nome ao parque. Quem já fez diz que vale demais o esforço pela beleza do lugar. Nós até pensamos em fazê-la, no início, mas depois desistimos pois seriam, no mínimo, 9 horas de trekking, envolvendo subidas. Sei que deve ser maravilhoso, mas, realmente, fraquejamos.

Mas se optar por realizar esta trilha, lembre-se de separar um dia inteiro para ela, já que, ao final, você, provavelmente, irá querer apenas descansar.

Próximo ao seu início/final, há o Welcome Center, já detalhado acima. Se quiser partir de Puerto Natales apenas para percorrê-la, pode pegar um ônibus até a Portería Laguna Amarga e, de lá, um transfer por 3 mil pesos chilenos, até o Welcome Center. Abaixo, uma imagem com os horários dos transfers a partir deste último local.

Horários do shuttle partindo do Welcome Center até a Portería Laguna Amarga, onde você poderá pegar o ônibus de volta a Puerto Natales, durante a alta temporada. Repare que o último horário é às 19 horas.

Outra trilha a ser citada é a que parte de Paine Grande e vai até o Mirador Grey no extremo norte do lago de mesmo nome ou até mais próximo do Glaciar Grey (correspondendo à "perna" oeste do Circuito W). O objetivo é apreciar o glaciar mais de perto (o que pode ser feito também através do passeio de barco ou do trekking por cima de geleira, já falados anteriormente). Mas lembre-se de que serão mais de 3 horas de caminhada em um único sentido.

Está achando todas as trilhas anteriores muito puxadas? Não se preocupe: há outras opções envolvendo poucas horas de caminhada, com destaque para duas:

Trilha até o Mirador los Cuernos: tem início no Salto Grande e vai até um ponto às margens do Lago Nordernskjöld em que se pode apreciar as famosas montanhas do parque conhecidas como Cuernos del Paine. Dura cerca de 2 horas para ir e voltar. Iríamos fazer esta trilha, mas como o tempo estava super nublado quando chegamos ao Salto Grande, percebemos que não valeria à pena andar por 2 horas para ver as montanhas encobertas.

Início da trilha até o Mirador los Cuernos, no ponto de observação do Salto Grande. Percebam que a dificuldade é tida como baixa.


Visitantes seguindo até o Mirador los Cuernos pela trilha. Depois de alguns minutos, o tempo começou a abrir (o clima é bem imprevisível em Torres del Paine), mas já havíamos partido do local e não quisemos mais voltar)
Trilha até o Mirador Grey no extremo sul do Lago Grey: parte da Guarderia Grey (já mostrada acima) e vai margeando a margem sul do lago até uma península de onde é possível avistar o Glaciar Grey ao longe. E, se você tiver sorte, verá blocos de gelo dos mais variados tamanhos, que se desprenderam do glaciar e estão flutuando pelas águas do lago. Foi a única trilha que fizemos no parque e valeu muito à pena, especialmente, porque nos permitiu ver um iceberg pela primeira vez. Demoramos 1 hora em cada sentido.

Faixa de areia no meio da extremidade sul do Lago Grey que compõe a trilha até o Mirador Grey

Pela a trilha até o Mirador Grey (ao longe, vê-se o Glaciar Grey).

Exemplos de trilhas que duram apenas 45 minutos em cada sentido: trilha até o Mirador Cóndor, de onde se observa a Laguna Negra; e trilha até o Mirador Lago Toro. Veja na imagem abaixo.

Recorte do mapa de Torres del Paine, mostrando duas trilhas de apenas 45 minutos em cada sentido: a do Mirador Cóndor e a do Mirador Lago Toro

Quais os cuidados que se deve ter ao visitar Torres del Paine?


Em primeiro lugar, lembre-se de estar bem agasalhado mesmo no verão. No nosso primeiro dia de passeio, pegamos um tempo ruim pela manhã, com direito à chuva e muito frio. E, mesmo à tarde, quando o tempo abriu, o vento (especialmente, em área abertas) nos castigou. Então, um casaco impermeável e corta-vento pode ser bem útil.

É recomendado não sair das trilhas demarcadas do parque, não sendo  permitido interagir com os animais da fauna local, a não ser observá-los e fotografá-los a partir das trilhas. Aliás, lembre-se de que existem pumas no parque e o encontro com alguma pode ser perigoso. Na portaria, inclusive, há instruções de como agir caso você dê de cara com o felino: mantenha-se em pé, olhando fixamente para o animal, simulando um rugido e andando lentamente para trás sem se virar. Fico me perguntando se, na hora, eu não esqueceria tudo isso e sairia correndo aos gritos em desespero!!

É proibido ainda: entrar nos lagos e rios presentes na reserva, utilizar drones e, obviamente, usar fogo (cozinhar só é permitido nas áreas habilitadas para acampamento e com o uso de combustível não vegetal, tipo BioLite). Indo contra esta proibição, um turista, em 2011, provocou um devastador incêndio no parque, cujas consequências são vistas até hoje. Precisa dizer que também é proibido fumar dentro do parque?

É comum ver resquícios da flora patagônica queimada devido ao incêndio de 2011

Portanto, minha gente, vamos visitar este refúgio da fauna e flora chilena com responsabilidade, OK?  A natureza agradece!





OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio




























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