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domingo, 3 de janeiro de 2016

Muita beleza e emoção no último dia em Praga: Clementinum, Ilha Kampa, Muro de Lennon e Monte Petrín

Nosso segundo dia em Praga começou com chuva, este fenômeno da natureza que sempre atrapalha um pouco a vida do turista. Confesso que sempre fico um pouco apreensivo com medo da chuva atrapalhar o passeio do dia, mas já que não há como controlar a natureza, só nos resta comprar um guarda-chuva e torcer para a chuva ser o mais passageira possível. E foi com um guarda-chuva em mãos que seguimos, a pé, até a Praça Venceslau, localizada na região já conhecida como Cidade Nova. Na verdade, a partir daqui, já é possível seguir para a parte mais moderna da cidade, o que já é visível considerando a mistura entre o novo e o antigo ao redor da praça, o que acaba tirando um pouco do encanto desta área quando comparada ao resto da cidade.

Duas construções, entretanto, chamam a atenção na praça: o prédio do Museu Nacional de Praga, que, infelizmente, estava fechado devido a um longo processo de reconstrução; e a estátua de São Venceslau, um antigo rei da Boemia canonizado pela Igreja Católica após a sua morte.

Museu Nacional de Praga






Estátua de São Venceslau


Bem próximo a esta praça, está a Estação Central de Trem da cidade (Praha Hlavní Nádrazí). Depois do susto que tivemos na Áustria, com a mudança não informada do horário de um trem, ficamos traumatizados e resolvemos ir caminhando até a estação confirmar se estava tudo certo com o trem noturno que pegaríamos naquela noite para Cracóvia, na Polônia. 

Confirmação feita, prosseguimos caminhando de volta à Cidade Velha. A essa altura, a chuva já havia ido embora para não mais voltar naquele dia. Mais uma vez seguimos para a praça principal. Pausa para um chocolate quente. Pausa para mais um delicioso Trdel (perdi a conta de quantos comi nessa viagem. Falo mais sobre esta iguaria, facilmente encontrada em diversas esquinas de Praga, neste post). Pausa para, mais uma vez, apreciar o Relógio Astronômico.


O próximo destino seria o Clementinum, localizado às margens do rio Moldava, bem próximo à Ponte Carlos. Este é um complexo de arquitetura barroca, antigo colégio jesuíta, que funcionou como uma universidade antiga frequentada pelos nobres do Império e que, atualmente, alberga igrejas, salas de concerto, uma torre astronômica (onde se deu início aos registros meteorológicos da Boemia) e uma antiga biblioteca. Esta, a Biblioteca Nacional da República Tcheca, é considerada a mais bela biblioteca do mundo e era o alvo principal da nossa visita a este complexo arquitetônico.

Entrando no complexo do Clamentinum


O que nós não sabíamos é que a visita à biblioteca só pode ser feita acoplada a um tour que visita também a Torre Astronômica e a Capela dos Espelhos (importante sala de concertos do complexo). Saímos na vantagem, porque o passeio foi interessantíssimo. O tour é comprado numa bilheteria local e ocorre a cada trinta minutos, com duração de 45 minutos. E é realizado apenas na presença de um guia que se comunica em inglês.

Primeiro seguimos para a belíssima Capela dos Espelhos (vale ressaltar que a visita a esta sala está condicionada a não realização de eventos no dia do tour). Depois fomos para a Biblioteca na qual, para a nossa imensa decepção, não pudemos entrar. Aos turistas, apenas é permitido apreciá-la da porta. E fotos, mesmo sem flashes, não são permitidas. A sala é realmente espetacular e logo se entende porque ela entra fácil nas listas de bibliotecas mais lindas do planeta. E não há apenas coleções de livros antigos em suas estantes, mas também é possível ver uma coleção de antigos globos terrestres decorando o seu hall e um belíssimo afresco pintado no seu teto. Por último, seguimos subindo pela Torre de Astronomia, onde desde 1775, sem faltar um dia sequer, é feito o registro das condições meteorológicas do país. Mas a melhor surpresa desse passeio, foi a vista que temos a partir da torre. Mais um inesquecível giro de 360 graus por cima de Praga.

Capela dos Espelhos



Vista do alto da Torre de Astronomia do Clementinum. Sempre me pergunto como eles conseguem manter esses tetos tão limpos!!






Tanto a biblioteca quanto o observatório astronômico foram adicionados pela Imperatriz Maria Theresa da Áustria. Sim! A mesma que saiu dando seu toque particular por Viena, como conto nos posts que escrevi sobre a Áustria. Esta mulher só podia ter mania de grandeza. E, sinceramente, não consegui descobrir o que ela fazia pela República Tcheca no século XVIII.

Recomendo muitíssimo que qualquer visitante de Praga, faça este tour pelo Clemetinum. Entretanto, não foi fácil encontrar a bilheteria. Entramos no complexo, no nosso primeiro dia em Praga, e seguimos uma placa onde se lia "biblioteca", mas acabamos sendo levados para uma biblioteca normal. Desistimos e retornamos no dia seguinte e, apenas perguntando, conseguimos encontrar a bilheteria, que estava na nossa cara o tempo todo. Abaixo, indico no mapa não apenas o local do complexo, mas onde fica a bilheteria para que outros desavisados, como nós, não se percam também.

No mapa, indico duas entradas possíveis para o complexo, além da localização da bilheteria para o tour. Reparem como o Clementinum fica próximo à Ponte Carlos, na Cidade Velha.

Infelizmente, tivemos que retirar, do roteiro, os famosos prédios dançantes de Praga, Fred & Ginger, uma vez que percebemos que ficaria muito corrido ir até lá naquele dia. Os prédios estão um pouco mais afastados e tomaria um pouco do nosso tempo. Para quem tiver interesse, eles ficam na Jiráskovo Námestí 1981/6 e podem ser acessados pegando o tram (números 3, 14, 17, 18, 22 ou 24) e descendo na estação com o mesmo nome da rua citada.

Seguimos, então, para a Cidade Baixa do outro lado do rio, novamente pela espetacular Ponte Carlos, claro (falo sobre ela em outro post). A intenção agora era descer por uma escada do lado esquerdo da ponte um pouco antes de atingir o seu final, com o objetivo de passear por uma área conhecida como Ilha Kampa. Esta é um pedacinho super charmoso da Cidade Baixa que permite acessar as margens do rio Moldava e ter uma visão privilegiada da Ponte Carlos.

Percebam que uma espécie de riacho parte do rio Moldava, isolando uma pequena área da Cidade Baixa, a Ilha Kampa, justificando sua denominação como ilha. A seta indica o Muro de Lennon, localizado bem próximo da ilha









Antes de chegar ao fim da ponte, pode-se descer escadas localizadas em suas laterais para visitar a Ilha Kampa




Avistando a Ilha Kampa a partir da Ponte Carlos

Ilha Kampa

Apreciando a Ponte Carlos a partir da Ilha Kampa












Após passear pela agradabilíssima Ilha Kampa, seguimos para o Muro de Lennon. Tanto considerando a proximidade do local de onde estávamos quanto o fato de estarmos com o mapa em mãos, acreditávamos que acharíamos facilmente o muro. Mas não foi o que aconteceu. Ficamos andando em círculos e sem conseguir encontrá-lo. O local é bem escondido, mas até agora não entendi como tivemos tanta dificuldade em encontrá-lo mesmo estando com o endereço e o mapa em mãos. De qualquer forma, já ouvi outros relatos que afirmaram a mesma dificuldade. Anote, portanto, o endereço para não dificultar ainda mais a sua busca: Velkoprevorske Námestí.

O muro é um oásis no meio a tanta maldade disseminada no mundo. Um local onde qualquer um pode chegar e deixar uma mensagem de paz. A medida que novos desastres humanitários vão acontecendo, novas mensagens de apoio e paz vão sendo acrescentadas sobre as anteriores. A ideia do muro foi inspirada pela música Imagine de John Lennon e, desde a década de 80, recebe as mais diversas mensagens de paz. Um local que me emocionou bastante. Um local que todos que estiverem em Praga deveriam visitar. Inspirador. Reconfortante. Um muro que faz renascer a fé na humanidade. Para completar a emoção da visita, um músico de rua tocava Imagine na exata hora em que lá chegamos. Mágico...

Muro de Lennon


Note, ao fundo, um músico




Antes de conseguir achar o Muro de Lennon, enquanto andávamos em círculo, acabamos nos deparando com Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa. Esta não tem, do ponto de vista arquitetônico, nada de especial. Mas sua visita costuma ser motivada por ser o local que alberga o Menino Jesus de Praga, uma pequena estátua de 47cm, construída na Espanha no século XVI e levada para Praga, onde se tornou famosa por ter sido considerada fonte de milagres para os fiéis. A imagem é, portanto, venerada no mundo católico, justificando peregrinações para a cidade com o objetivo de conhecer a milagrosa estátua. Caso você não seja religioso, acredito que seja uma visita dispensável. Para maiores informações, acesse o site oficial.

Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa


Menino Jesus de Praga


O mapa mostra a localização da Igreja de Nossa Senhora de Vitoriosa
Nosso próximo destino era o Monte Petrín, mais especificamente o seu topo, de onde tínhamos a intenção de assistir ao pôr do sol. Para isso, seguimos pela rua Karmelistká, que mudaria de nome para Újesd, até chegar na esquina com a U Lanové Dráhy, onde dobraríamos à direita para acessar o funicular (veja no mapa abaixo). Foi o que fizemos para, então, ter uma desagradável surpresa: o funicular estava em manutenção e, portanto, fora de funcionamento. A solução, então, foi subir o monte a pé. A subida, entretanto, é tranquila. Pelo caminho, vamos encontrando praguenses passeando com seus cachorros ou pedalando, em meio a outros turistas com o mesmo objetivo que nós. Para quem tiver mais sorte do que a gente e conseguir pegar o funicular (o mesmo só deve voltar à ativa no final de março de 2016), saiba que este parte a cada 15 minutos e tem uma parada antes do topo em um local onde funciona um restaurante. O valor do ticket é o mesmo do metrô. Para maiores informações sobre os horários de funcionamento, acessar o site oficial.

Mapa mostrando como ir da Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa até o ponto na base do Monte Petrín onde se pode pegar o funicular

Trilhos do funicular




Subindo o Monte Petrín


A subida a pé nos permitiu lindas vistas da cidade 


Cidade Baixa, Ponte Carlos, Rio Moldava, Cidade Velha, tudo na mesma foto!! Vista privilegiada!!



No topo do Petrín, pode-se acessar duas atrações: a Torre Petrín, uma espécie de miniatura da Torre Eiffel, e o Labirinto de Espelhos. A torre tem um observatório de onde é possível avistar toda a cidade. Pode ser acessada subindo seus 299 degraus ou utilizando um elevador. Nossa inteção era utilizar a segunda opção, obviamente (até porque a dor na minha perna continuava a me incomodar bastante). Mas, infelizmente, o Monte Petrín não estava querendo mesmo que a gente o aproveitasse em plenitude: alguém passara mal no elevador que estava desativado enquanto os socorristas que chegaram em uma ambulância prestavam assistência. Nada de subir a torre, portanto.

Torre Petrín





Só no restou, então, seguir para o Labirinto dos Espelhos, que fica logo ao lado da torre. O ingresso custa apenas 75 CKZ e proporciona uma experiência bastante divertida. O local é realmente um labirinto com paredes completamente espelhadas, criando ilusões de passagens inexistentes e inúmeros reflexos da nossa imagem. Certamente, um passeio indispensável para quem estiver na cidade com crianças, mas também divertido para os adultos. Terminado o labirinto, tem-se uma sala com espelhos divertidos que modificam nossa aparência, nos tornando mais altos, mais baixos ou mais gordos.

Labirinto dos Espelhos








Como o funicular não estava funcionando, preferimos não aguardar o pôr do sol, uma vez que teríamos que descer o parque no escuro, o que não achamos sensato. Chegamos de volta à Cidade Baixa e seguimos em direção à Ponte Carlos. Já era noite e esta adquirira uma atmosfera especial sob a escassa iluminação do local. Um efeito bem interessante. Pena que, no início da noite, a ponte continuava lotadíssima.





Retornamos para a praça principal. Mais uma vez paramos em frente ao famoso relógio (não me cansava dele) e resolvemos jantar ali mesmo, comendo um delicioso sanduíche de espeto de frango, comprado em uma das muitas barraquinhas de comida localizadas atrás da torre do relógio. Ficamos um tempo ali, comendo, observando as pessoas pela praça e já nos preparando para a despedida daquela incrível cidade que ganhara meu coração.



Andamos mais um pouco pelas ruas ao redor da praga, entramos em mais algumas lojas de souvenir (e gastamos mais dinheiro) e até encontramos, sem querer, uma estátua em homenagem a Kafka (sobre quem falo no post anterior). Era Praga nos apresentando suas últimas surpresas!

Estátua em homenagem a Kafka, baseada no conto do escritor: "Descrição de uma Luta"


Uma das coisas que gostaria muito de ter feito durante a noite em Praga era assistir à apresentação de um teatro de marionetes, algo típico da cultura local. Uma das mais famosas apresentações é a Ópera Don Giovanni, obra de Mozart, e que ocorre na cidade desde o século XVIII. O espetáculo noturno é realizado no Teatro Nacional de Marionetes (cuidado, pois há, pela cidade, outros locais oferecendo o mesmo espetáculo. Não sei se vale à pena. Mas eu não arriscaria e apostaria mesmo no original). Para maiores informações, visite o site do teatro.

Infelizmente, chegara a hora de voltar ao hotel, pegar nossa bagagem e seguir para a estação de trem de onde partiria nosso trem noturno para Cracóvia. Chegava ao fim nossa curta passagem por Praga. Em dois dias, deu para aproveitar muita coisa, mas aconselho que qualquer um passe, no mínimo, três dias na cidade. Mas não tem problema: dos destinos que já visitei, Praga entrou para o topo da lista de lugares para voltar... Afinal, ela agora ocupa o topo de uma outra lista: a das mais belas capitais mundiais que já conheci!!

Até logo, Praga!!



PARA SE PLANEJAR:

1. Clementinum

Horário de funcionamento: diariamente das 10 às 16:30h de janeiro a fevereiro, das 10 às 19h de março a outubro, e das 10 às 18h de novembro a dezembro.
Entrada: 220 CKZ
Como chegar: de metrô (linha A até a Estação Staromestská) / facilmente acessado a pé estando na Cidade Velha

2. Torre Petrín

Horário de funcionamento: diariamente das 10 às 18h de novembro a fevereiro, das 10 às 22h de abril a setembro, e das 10 às 20h em março e em outubro (a bilheretia fecha 30 minutos antes do encerramento)
Entrada: 120 CZK ( para utilizar o elevador há um adicional de 60 CZK)
Como chegar: de funicular a partir da base do Monte Petrín (localização indicada no post)



OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio





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