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domingo, 16 de setembro de 2018

Como é o MiniTrekking pelo Glaciar Perito Moreno

Embora conhecer o Glaciar perito Moreno fosse um sonho antigo, eu não fazia ideia de que, além de vê-lo de perto, seria possível caminhar sobre ele. Foi quando iniciei a programação do nosso roteiro por El Calafate que descobri que havia esta possibilidade e, sem pensar duas vezes, decidi que teríamos que fazer este passeio conhecido como icetrekiing.

E não poderia ter tomado uma decisão melhor. Fazer o trekking por uma das geleiras mais famosas do mundo foi não apenas a experiência mais marcante desta nossa viagem pela Patagônia como também foi uma das mais marcantes da nossa vida de viajantes.

Afinal, se o glaciar já encanta de longe, imagina poder tocar, pisar e porque não sentir o azul mágico de seus caminhos congelados, de suas esculturas naturais, de seus labirintos moldados pelo vento e de seus pequenos lagos de água cristalina...

Portanto a maior dica que posso dar sobre a visita ao Glaciar Perito Moreno é: não deixe de fazer o trekking sobre a geleira!

O inesquecível trekking pelo Glaciar Peiro Moreno

Apenas uma empresa é autorizada pelo Parque Nacional Los Glaciares a realizar o passeio: a Hielo y Aventura. Além disso, o número de visitantes diários é limitado, o que é perfeitamente compreensível, já que é preciso ter todo o cuidado para manter a preservação do local, impedindo qualquer tipo de agressão que poderia ser causado pelo turismo de massa.


Desta forma, recomenda-se que seja feita a reserva e a compra do passeio com antecedência no site oficial da empresa, especialmente durante a alta temporada, quando a chance de você conseguir  vaga de última hora diminui bastante. A própria empresa recomenda que, entre 15 de dezembro e 28 de fevereiro, a compra seja feita online.

A Hielo y Aventura disponibiliza dois tipos de passeios sobre a geleira: o MiniTrekking e o BigIce.

O MiniTrekking é para pessoas como eu, com condicionamento físico limitado, já que envolve uma caminhada mais leve por cerca de uma hora e meia a duas horas, embora esta envolva um pouco de subida no gelo. Tem limite de faixa etária de 10 a 65 anos e tem exigência física média.

O BigIce já é para os mais experientes ou com melhor condicionamento físico, com exigência física alta e limite de idade entre 18 e 50 anos. A caminhada sobre a geleira dura cerca de três horas e meia.

O valor a ser pago pelo passeio depende do tipo de trekking escolhido e da necessidade ou não de transfer entre El Calafate e o Parque Nacional Los Glaciares. O MiniTrekking estará custando, a partir de 01 de novembro deste ano, 3600 pesos argentinos, acrescentando-se 900 pesos se você for precisar do translado. Já o BigIce estará custando 6900 pesos, acrescentando-se 1000 pesos pelo translado.

Como é possível ver, não é um passeio barato (foi o mais caro de toda a nossa passagem pela Patagônia), mas garanto que vale muito à pena.

Tem como não valer à pena?

Se você optar pelo translado, o ônibus turístico ainda o levará, após o trekking, até as passarelas de frente para o Perito Moreno, dando uma hora livre para a observação da geleira. Este tempo, como já expliquei no post sobre a visita ao Parque Nacional Los Glaciares é curto, de modo que, se você tiver como ir por conta própria, terá um tempo mais flexível para explorar as passarelas após a caminhada sobre o gelo.

Vale ressaltar ainda que o passeio é contra-indicado para mulheres grávidas e indivíduos com problemas cardíacos e respiratórios que limitem o esforço físico (segundo informações da própria agência).

Para realizar o trekking, recomenda-se que o visitante vá bem agasalhado, com roupa e sapatos impermeáveis. E não esquecer de levar luvas, já que será preciso se apoiar no gelo em alguns momentos, não sendo recomendado que isto seja feito com a mão desprotegida. A agência até tem alguns pares de luva para os desavisados, mas elas não me pareceram tão higiênicas e estavam com um cheiro bem desagradável.

Mas nós, no entanto, não seguimos as recomendações de vestimenta. E fizemos tudo errado. Não fomos suficientemente agasalhados para a chuva que caiu no início do passeio, estávamos de calça jeans e com calçados não impermeáveis. E nem luva levamos. Não façam como nós!

Recomenda-se também que cada um leve seu próprio almoço, já que o passeio, que costuma ocorrer pela manhã, se estenderá até a hora do almoço e, no local, não haverá onde comprar comida.

No caso do MiniTrekking, os turistas poderão comer, após a caminhada, em um refúgio com mesas e com vista para o glaciar (mesmo local onde podemos deixar os pertences que não serão úteis durante o trekking).

Já no caso do BigIce, os turistas comerão em um piquenique sobre a geleira durante uma parada de meia hora.

Dados todas as dicas, vamos descobrir como foi exatamente o nosso MiniTrekking:

Como estávamos com carro alugado, não precisamos pagar pelo transfer e seguimos, no início da manhã, pela Rota 11 até o Parque Nacional Los Glaciares, com o objetivo de chegar ao Porto Bajo de las Sombras às 10 horas (horário informado pela agência após a confirmação da reserva).

A entrada no parque nacional deverá ser paga no momento da entrada na reserva, já que não está inclusa no valor pago pelo passeio. Mesmo que você siga para lá com o transfer contratado, terá que pagar o ingresso que custa, atualmente, 600 pesos.

Chegando à entrada do Parque Nacional Los Glaciares

Passando pela entrada, continuamos pela Rota 11 até encontrar o porto que fica na lateral esquerda da estrada. Deixamos o carro estacionado no porto e aguardamos o transfer chegar com os turistas que optaram por tal meio de transporte.

Aguardando o embarque no Porto Bajo de las Sombras


Com todos os turistas no local, os guias organizaram uma fila de frente para o píer e, então, todos começaram a entrar no barco que atravessaria as águas do lago até um refúgio localizado na borda sudoeste da geleira. O transporte aquático já está incluso no valor pago.

No exato momento em que o barco zarpou, começou uma chuva fina. Mesmo assim ainda ficamos na parte externa do barco para apreciar a primeira vista do Glaciar Perito Moreno que vai se aproximando à medida que o barco segue em frente.

Avistando o Perito Moreno pela primeira vez, logo após a saída do barco


Com ou sem chuva, precisávamos ver o glaciar


Chegando mais perto (dá para imaginar que, em poucos minutos, estaríamos andando por cima desta geleira?)
O tempo estava cada vez mais fechado e a chuva começou a aumentar


Mas eu precisava ver a geleira de mais perto, mesmo com o frio que só aumentava do lado de fora

A chuva, no entanto, logo engrossou e todos se espremeram no interior da embarcação. Neste momento, começamos a nos preocupar com nossa vestimenta, já que, com a chuva, ficaríamos molhados, o que só aumentaria o frio. Olhamos em volta e vimos que a maioria estava vestida como nós. Mas foi só o barco começar a se aproximar do final do trajeto que, de repente, todos começaram a tirar roupas e casacos impermeáveis de suas mochilas e se paramentar com elas.

Neste momento, ficamos nos sentindo os peixes fora d´água, completamente destoantes para a chuva que insistia em aumentar. Descemos do barco e corremos para o refúgio. Lá os guias nos dividiram em grupos de até 20 pessoas cada e nos explicou que poderíamos deixar o não essencial nos armários localizados no refúgio (tendo o cuidado com coisas de valor, claro, já que as prateleiras eram abertas e sem proteção). 

Resolvemos deixar nossas mochilas com a nossa comida lá e levamos apenas nossos celulares e garrafas de água. Os guias, então, trouxeram luvas para aqueles que, como nós, não seguiram a recomendação de levá-las.

O Glaciar Perito Moreno visto a partir do refúgio


Apreciando mesmo debaixo da chuva

Naquele momento, prestes a iniciarmos a pequena trilha pelo bosque que nos levaria até a geleira, Técio estava prestes a desistir de seguir em frente por causa da chuva. Realmente, se continuasse chovendo, o passeio seria incômodo, mas eu estava certo de que, mesmo assim, valeria à pena e, felizmente, consegui convencê-lo a seguir em frente.

Sorte a nossa, pois mal colocamos os pés fora do refúgio, a chuva cessou completamente como que por milagre. E nem mais uma gora d´água caiu do céu durante o nosso icetrekking.

Iniciando a curta trilha pelo bosque até o ponto de início do icetrekking. Neste momento a chuva cessou por completo

O guia nos levou, então, por uma curta trilha bem demarcada que já ia nos encantando com a vista do glaciar cada vez mais perto. Tanto que éramos sempre os últimos da fila porque não conseguíamos resistir às paradas para fotografar a beleza do lugar.

O Perito Moreno ia se descortinando por trás das árvores do bosque patagônico


Avistando o ponto final da curta caminhada, onde iniciaríamos o icetrekking. Embora longe, dá para ver uma pequena estrutura na beira do glaciar sobre o terreno escuro. É lá o início da subida à geleira.

Chegando à praia após a passagem pelo bosque
Perto da margem, os blocos de gelo que se desprenderam do glaciar, vão se aglomerando

Cada vez mais perto da borda sudoeste do glaciar

Chegamos, então, à beira da geleira, onde o guia começou a nos dar explicações sobre os crampons que seriam adaptados aos nossos calçados e sobre como deveríamos caminhar sobre o gelo. Os crampons são grampos que são colocados abaixo da sola dos nossos sapatos, já que não teria como andar sobre o gelo sem eles.

Chegando à borda da geleira (com o céu já a nosso favor)


Empolgado!!

Local onde todos colocam os crampons e os guias fornecem as informações necessárias para o trekking

Primeiro grupo iniciando o trekking


Nós preferimos ficar no último grupo para poder fotografar com calma o lugar


Já estávamos encantados e nem tínhamos começado a trilha ainda

E lá ia o primeiro grupo em fila indiana subindo a borda da geleira


Enfim, com os nossos crampons já fixados

Embora a superfície da geleira seja firme, é necessário que cada um dê passos firmes para garantir a fixação dos grampos no gelo. No início, até achei que seria difícil, mas pegamos o jeito fácil e não nos sentimos com risco de queda durante a caminhada.

Com todos com os crampons fixados e com as dicas dadas, iniciamos o trekking com uma subida pela borda da geleira. Neste momento, estávamos muito empolgados e já amando cada minuto daquela experiência.

Começando. Está vendo esta abertura abaixo da superfície? Era uma pequena gruta formada pelo derretimento do gelo. Emitia um azul incrível e foi difícil não me desviar da fila para ver de mais perto. Afinal, temos que seguir as regras de segurança.

Chegando ao alto


Aqui, estávamos em uma parte da geleira menos acidentada


Seguindo em frente


Chegando mais ao alto, vamos tendo a noção da dimensão daquele glaciar e de como é sua superfície. Encontramos pequenos acúmulos de água causados pelo derretimento do gelo e o guia nos explicou que aquela água era potável e que poderíamos bebê-la. Claro que experimentamos.

Pequenas poças d´água sobre a geleira


A água é potável e lógico que experimentamos

O guia foi sempre nos indicando o caminho, com todos sempre seguindo em fila indiana. No trajeto, íamos nos encantando com as fendas no gelo e as diversas formações geladas. Chegamos a uma espécie de labirinto de gelo, incrivelmente, surreal. E, para variar, íamos sempre ficando para trás na fila.

Seguindo a fila


Seguindo para uma parte mais acidentada da superfície



Formações de gelo e fendas moldadas pelo vento






















Infelizmente, por se tratar de um trekking mais curto, não nos afastamos tanto da borda da geleira e, vez ou outro, o lago surgia à nossa frente. Deve ser incrível seguir com o BigIce para as partes mais isoladas do glaciar.

No MIniTrekking não nos afastamos tanto da borda da geleira


Mesmo assim, vale muito à pena

Chegando ao fim do caminhada sobre o gelo

Ao final da caminhada pelo glaciar, bem próximos à borda do Perito Moreno, todos pararam para que os guias servissem whisky com gelo retirado da própria geleira. Como não bebemos, recusamos e achamos aquela parte bem desnecessária. Mas quem gosta de whisky deve gostar desta parte também.

Os guias servindo whisky ao final da caminhada

Enquanto os outros bebiam, tirávamos mais fotos


Ao final, nem achamos a caminhada cansativa

Infelizmente, o tempo de caminhada passou voando. Afinal, o que é bom dura pouco. Deixamos a geleira no mesmo ponto onde havíamos iniciado o trekking, retiramos os crampons e, então, iniciamos a pequena trilha de volta ao refúgio.

Na trilha de volta ao refúgio, pausa para mais fotos










Tivemos, então, um tempo livre para comer. Pegamos nossa comida e nos acomodamos em uma das muitas mesas dispostas no refúgio. Há mesas tanto dentro quanto na varanda do lado de fora, mas estas últimas foram logo ocupadas (acabamos nos atrasando na trilha tirando as fotos!).

Após nosso lanche (levamos frutas, biscoitos, chocolate e suco), ainda tivemos tempo livre antes de pegar o barco de volta e aproveitamos o local que permite lindas vistas do Perito Moreno. Ficamos ali, descansando e apreciando o glaciar, extremamente gratos por aquela oportunidade.

Fazendo a digestão com esta vista


Pausa para apreciação









Pegamos, então, o barco de volta ao porto e, então, com o tour finalizado, seguimos, por conta própria, até muitas passarelas de frente para a geleira. Mas já contamos esta segunda parte da nossa visita ao Parque Nacional Los Glaciares em outro post.

Navegando de volta. Está vendo aquele barco mais próximo da geleira? Você também pode fazer este passeio que se aproxima mais do paredão. Chama-se Safari Náutico e também é oferecido pela Hielo & Aventura.


Do barco, de mirantes ou por cima, de todo ângulo, o Perito Moreno nos encanta!

Por fim, espero ter podido convencê-lo a realizar o icetrekking sobre o Perito Moreno. Mesmo que você não tenha experiência com trilhas e não tenha um bom condicionamento físico, nós também não temos e, no final, deu tudo certo (mesmo com a vestimenta nada apropriada).

E, mesmo caro, saiba que será um investimento gratificante. Afinal, será, certamente, uma experiência inesquecível, assim como foi para nós.






OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio










12 comentários:

  1. Simplesmente fantástico! Não sabia que dava pra caminhar por cima do glaciar. Vi q é limitado o número de pessoas, mas vc sabe dizer quais são as medidas de compensação pra não degradar o lugar?
    Beijos

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    1. Oi Jaqueline! É fantástico mesmo. Pelo que pesquisei antes de fazer o passeio, a informação que obtive foi que a limitação do número de visitantes já seria suficiente para evitar qualquer prejuízo ambiental. Mas é claro que a gente fica com a pulga atrás da orelha. Eu, por exemplo, questionei o fato de utilizarem gelo do próprio glaciar para beberem ao final. Mas não consegui mais nenhuma informação detalhada sobre medidas de compensação.

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  2. Muito legal, nunca tinha ouvido falar e deve ser realmente incrível um icetrekkimg... fico imaginando a angústia de vcs com a chuva, ainda bem que o tempo abriu e deu td certo, muito bom o post, me interessei muito!!!

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  3. Que bacana esse passeio. Foi ótimo ter encontrado essas suas informações, já que esse é um passeio que quero fazer quando for conhecer a patagônia. Parabéns pelo post! Esse lugar é realmente lindo.

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  4. Que viagem maravilhosa. Estou pensando em passar o Carnaval de 2019 pela região e você conseguiu me esclarecer muito sobre a região. Pretendo fazer esse trekking e tentar o Biglce, vamos ver se consigo rs

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    1. Fomos exatamente do carnaval deste ano. Achei uma ótima época para fazer a visita. Depois conta como foi o BigIce! Espero que dê certo!

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  5. Esse trekking, pra mim, é um sonho. É uma coisa muito diferente do que temos habituado. Quando estiver em El Calafate, fazê-lo-ei sem dúvida alguma. Bom demais!

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  6. Nossa parece um lugar mágico mesmo! Encantador! E suas fotos estão perfeitas!! Fiquei apaixonada e já adicionei a minha wish list. Não sou uma pessoa "do frio", prefiro roteiros de lugares quentes, mas esse definitivamente me deixou com vontade de conhecer.

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  7. UAU! Da Argentina só conheço Bariloche, mas o Glaciar Perito Moreno é um dos locais que quero muito conhecer, estou tentando colocar no roteiro das próximas férias. Parabens pelo post.

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  8. Incrível esse passeio. Jamais imaginei que pudesse ser feito um trekking sobre o glaciar. Tenho muita vontade de conhecer a Patagônia (argentina e chilena) e seus posts têm me incentivado bastante a tentar tornar esse sonho realidade.

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  9. Esse passeio é de deixar qualquer um babando! Eu quero superrrrrr fazer esse passeio e as fotos estão incríveis!!! Quando fui ao Chile, foi na época do inverno e aí vi que não seria tão produtivo fazer a Patagônia, mas quero já! Favoritado o post. Parabéns pelo post!

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  10. Eu sou louca pra conhecer essa região e descobri há muito pouco tempo que era possível caminhar nele, mas não sabia como funcionava. Seu post veio em boa hora: Acho que o mini também atende. O importante é a emoção!

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