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sábado, 23 de julho de 2016

Conhecendo Macau, a cidade onde o português e o chinês se encontram

Você sabia que é possível andar por ruas com nomes como Tomás Vieira e Francisco Xavier Pereira, visitar um local chamado Largo do Senado e tirar foto com a típica arquitetura colonial portuguesa em pleno território chinês?

Pois é! Macau, uma região autônoma chinesa (assim como Hong Kong), nos passa a sensação de termos voltado para o Ocidente e até mesmo de estarmos caminhando pelas ruas de Portugal. Afinal, a península foi colonizada por mais de 400 anos pelos portugueses e a influência está por toda parte, gerando uma familiaridade inevitável nos brasileiros que visitam o local.

Mas não se engane. Dificilmente, você encontrará algum local falando a nossa língua por lá. O mandarim é a língua mais falada e, ao que parece, o nosso português já foi esquecido. Em compensação, os nomes das antigas ruas, praças e prédios continuam em português, fazendo de Macau uma interessante e inesperada mistura cultural em território chinês.

Português na China?? Isto é Macau!


E quem pensa que o lugar se resume apenas a áreas com arquitetura colonial, engana-se. Macau tem um outro lado que a deixou famosa: cassinos e hotéis de luxo, que a deram o apelido de "Las Vegas do Oriente". Muitos chineses visitam Macau apenas para torrar seu dinheiro nos inúmeros cassinos da cidade. A ilha de Taipá, ligada ao continente por uma ponte, concentra inúmeros cassinos e acaba sendo uma boa opção para quem estiver em Macau ainda durante a noite.

Um dia parece ser suficiente para explorar os pontos de interesse da cidade. Você pode fazer um bate-e-volta, partindo de Hong Kong, em um passeio de barco que dura cerca de uma hora. Se quiser ficar até tarde nos cassinos, é melhor passar a noite por lá. Mas tenha em mente que os hotéis em Macau são caríssimos (até havíamos cogitado dormir uma noite na cidade, mas desistimos assim que vimos os preços das diárias).

Sua visita pode ser dividida em duas partes: um passeio pela área histórica e outro pelos principais cassinos, incluindo a ilha de Taipá. No nosso caso, tivemos que cortar a segunda parte em decorrência (para variar) dos transtornos causados pela multidão consequente ao Ano Novo Chinês: mesmo havendo frequentes saídas de barcos de Hong Kong, só conseguimos vaga para depois do almoço, quando o plano original era partir para Macau no início da manhã.

Talvez o melhor (mesmo em épocas de baixa temporada) seja comprar a passagem antecipadamente pela internet neste link.

Mapa de Macau. Perceba que a parte da cidade pertencente ao continente é uma península, ligada por pontes à Ilha de Taipá, onde, inclusive, se localiza o aeroporto da cidade.

Como ir de Hong Kong Para Macau

Como já antecipado acima, a forma de se chegar em Macau partindo de Hong Kong, é de barco. Há duas empresas: a Turbojet, cujos barcos vão até a península; e a CKS, que vai até a ilha de Taipá. Os barcos saem do China Ferry Terminal em Kowloon, a cada 30 minutos, entre as 7 e às 22:30h. Cuidado caso opte por retornar a Hong Kong após às 22:30h, pois nesse horário os barcos não vão mais até Kowloon, deixando os passageiros na Ilha de Hong Kong.



Como queríamos começar o passeio explorando a área colonial, optamos pela empresa Turbojet que nos deixaria na península (onde também há cassinos, com destaque para o Grand Lisboa e o Hotel Wynn). O valor da ida foi de 177 HKD e da volta 189 HKD (quem me explica porque os mesmos trechos têm preços diferentes?). Caso você opte por retornar à noite, o valor do retorno é mais barato: 166 HKD. Como já citei anteriormente, aconselho comprar as passagens pela internet. Assim, você evita filas e ainda garante sua vaga no horário desejado.

Mas se optar pela compra online, tente chegar com uns 30 minutos de antecedência no terminal de barcos. Isto porque não é fácil encontrá-lo. Não ache que você vai ver o mar e, às suas margens, um típico terminal ou cais te esperando. Na verdade, o local, incluindo os guichês das passagens, fica dentro de uma espécie de shopping (afinal, é Hong Kong, praticamente, um símbolo do capitalismo no Oriente). 

Você, portanto, vai ter que entrar em um complexo de prédios comerciais. A questão é: em qual prédio entrar? Ou você acha que tem um grande letreiro escrito "China Ferry Terminal"? Nada disso! Há uma placa sim, mas bem discreta. Ainda bem que lembrei de fotografar a mesma. Veja abaixo:

No meio da foto, próximo ao chão, está a placa com uma seta. Está vendo? Não? Olha a placa mais de perto abaixo.




Dica de como chegar ao terminal: pegue o metrô até a estação Tsim Sha Tsui e siga o caminho mostrado no mapa abaixo. Enquanto caminha ao lado dos prédios da rua do terminal, procure a placa mostrada nas fotos acima.

Caminho para se chegar ao China Ferry Terminal

Uma vez dentro do complexo comercial, basta seguir as placas que indicam o terminal. Você chegará no local onde vende as passagens e, no mesmo, andar, encontrará o portão de embarque, onde se passa pelos procedimentos de segurança típicos de aeroportos.

No nosso caso, havia muita gente no local e logo prevemos o inevitável: não havia mais vaga nos barcos partindo pela manhã (até hoje não entendo o porquê de não termos comprado online). Mas o mais bizarro estava por vir.

Bem ao lado dos guichês, funcionários da própria empresa de barco faziam o papel de cambistas. Isso mesmo! Os próprios funcionários tinham em mãos inúmeras passagens para barcos que partiriam nos próximos minutos a preços absurdamente inflacionados. E um chegou a dizer para a gente: "ou vocês pagam mais caro ou esperam o próximo barco que só sai às 13 horas". Que povo sem noção. Como é que a própria empresa permite algo assim? Só na China mesmo!

Pior que estávamos super cansados, devido ao perrengue que passamos no dia anterior (fomos dormir às 2 horas da manhã) e só não descansamos mais para poder chegar em Macau ainda pela manhã.

Mas não havia condições de pagar o que os cambistas/funcionários estavam cobrando e optamos por comprar o barco das 13 horas, utilizando o tempo de espera para passear mais por Hong Kong.

Retornamos ao terminal com 30 minutos de antecedência. A fila para passar pela segurança era uma bagunça (para variar) e o barco atrasou quase uma hora.

Fila para entrar no barco

No interior do barco da Turbojet


O trajeto foi bem tranquilo. O barco é grande, levando inúmeros passageiros em uma só viagem. Deu até para cochilar um pouco no caminho.

Ao chegar ao terminal de Macau, já chama a atenção o nosso idioma dividindo espaço com o chinês. Você passa pela imigração (lembre-se que a cidade é autônoma assim como Hong Kong) e, agora, tem que escolher a melhor forma de ir até o centro. Mas esta é um escolha fácil: o Hotel Wynn tem um serviço de ônibus gratuito que parte dos pontos de ônibus localizados em frente ao terminal. Qualquer um pode pegar o ônibus, não precisando ser hóspede do hotel. Você não paga um centavo e vai no conforto até a frente do Hotel Wynn, de onde pode ir caminhando tranquilamente até o centro histórico. Mas se preferir gastar dinheiro, pode ir de táxi.

Olha nosso idioma aí, em pleno território chinês



Ônibus do Hotel Wynn, que te leva de graça para o centro de Macau. Fácil de identificar.


Na hora de voltar, basta retornar à frente do hotel e pegar o mesmo ônibus, seguindo direto para o terminal.

Qual a moeda utilizada em Macau

Macau tem uma moeda oficial: a pataca. Mas não se estresse em fazer o câmbio na sua chegada à cidade. O dólar de Hong Kong não é apenas aceito, como todos os produtos que tive a curiosidade de ver o preço estavam com o valor indicado em HKD. Um problema a menos para o turista se preocupar.

O que fazer em Macau

A área com arquitetura colonial portuguesa é o ponto mais turístico da cidade, tendo como principais atrações:

1. O Largo do Senado: praça em torno da qual se encontram típicos casarões portugueses. É um dos locais mais icônicos da cidade.

2. Ruínas de São Paulo: basicamente uma bela fachada de granito que restou após a destruição de uma igreja jesuíta causada por um incêndio no século XIX.

3. Museu de Macau: localizado próximo às ruínas de São Paulo.

Os cassinos compõem o outro lado da cidade e podem ser encontrados tanto na península (como o Grand Lisboa e o Wynn) como na Ilha de Taipá (como o Hotel Venetian), onde os mesmos se concentram em uma área conhecida como City of Dreams. Há um ônibus gratuito que leva os visitantes para esta área. Para mais dicas sobre os cassinos da cidade, sugiro visitarem o blog Vícios de Viagem.

E se você não abrir mão de ver algo mais relacionado à cultura chinesa, pode ainda visitar o Templo A-Má, localizado no Largo do Pagode da Barra, ainda na península. Ele estava em nosso roteiro, assim como a visita a pelo menos um cassino da cidade. Infelizmente, em decorrência dos imprevistos descritos que limitaram nosso tempo em Macau, não foi possível realizar nenhuma das duas coisas.

Limitamos nosso passeio às ruas coloniais, à apreciação dos prédios históricos, ao reconhecimento da clássica tradição portuguesa em utilizar azulejos como revestimento e a descobrir os nomes tão familiares ao nosso idioma nas ruas da cidade.

Após descer no Hotel Wynn vindos do terminal de barcos, seguimos caminhando em direção ao Largo do Senado. E nos deparamos com mais um contratempo desta viagem. Na verdade, o mesmo inconveniente encontrado em tantos outros momentos da nossa passagem pela China: a multidão. E em Macau ela estava pior do que em qualquer outro lugar.

Para se ter uma ideia, os guardas de trânsito da cidade não estavam mais controlando o tráfego de carro, mas sim o de pessoas. Era tanta gente que só era permitido seguir um único sentido pelas calçadas (mas nem se quiséssemos conseguiríamos fazer o sentido contrário. Estávamos espremidos e éramos praticamente levados pela multidão). A travessia das ruas apenas era permitida em lugares específicos e controlada pelos guardas. Acabamos demorando bem mais do que o esperado para chegar ao largo. Mas acredito que fora do Ano Novo Chinês, não seja assim.

Obviamente, este excesso de turistas (como nunca vi igual) atrapalhou a nossa experiência.

Caminho entre o Hotel Wynn e o Largo do Senado


Chegando ao Largo do Senado, percebemos logo o seu calçadão bem semelhante ao de Copacabana no Rio de Janeiro. Ao redor do largo, casarões coloniais. Por todo o local, lanternas típicas chinesas celebrando o ano novo. Uma mistura interessante. Infelizmente, a área estava mega lotada e era impossível ficar muito tempo ali.


No caminho até o Largo do Senado, muita referência ao nosso português

Largo do Senado

O calçadão do Largo do Senado

E essa mistura?





Difícil acreditar que estamos na China


Continuamos o trajeto em direção às Ruínas de São Paulo. No caminho, nos chamou a atenção a quantidade de estabelecimentos vendendo o famoso pastel de belém de Portugal. Não resistimos, claro. Mas o sabor foi bem decepcionante. Talvez tenhamos escolhido o local errado, mas não coloco muita fé não. Estava mais para pastéis xing ling mesmo.

Encontrando uma igreja católica nas ruas de Macau (percebam a multidão em frente)


Enquanto isso, a multidão se espremia nas estreitas ruas rumo às ruínas. Chegamos ao local e achamos bem impressionante a fachada da antiga igreja ainda em pé. Mas, sinceramente, não dava para permanecer muito tempo ali.

Tentando passar pela multidão

Ruínas de São Paulo



Caminho entre o Largo do Senado e as Ruínas de São Paulo

Sobre os cassinos, só nos restou fotografar o impressionante Grand Lisboa. Em frente a este, uma fila enorme se formava do lado de fora com turistas esperando sua vez de entrar no cassino. Impossível ficar naquela fila. Conclusão: época péssima para se conhecer Macau.

Gran Lisboa



E, sinceramente, se você estiver em Hong Kong durante o Ano Novo Chinês não acho que valha à pena ir até Macau. Gente demais, o que acaba reduzindo seu tempo disponível e prejudicando a experiência.

Confesso não ter achado a ida até Macau um passeio imperdível. Mas, obviamente, minha impressão foi completamente prejudicada pela multidão e pelo tempo limitado que tive na cidade. De qualquer modo, vale pela curiosidade de vermos um pouco do nosso idioma em meio a uma cultura tão distinta da nossa.

OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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