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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Cruzando o impressionante Vale Sagrado Inca em direção a Aguas Calientes

O que falar sobre o Vale Sagrado Inca? Quando programei esta viagem ao Peru, meu objetivo principal era conhecer Machu Picchu, mas eu não tinha ideia de que, antes de chegar a este lugar que, sem dúvida, é o ápice da viagem, eu iria me surpreender tão positivamente pelo que havia pelo caminho: Pisac e Ollantaytambo, dois sítios arqueológicos não tão famosos, não tão badalados, mas incrivelmente belos. Aliás, toda a região, todo o verde e todas as montanhas que compõem a paisagem do Vale Sagrado são extraordinariamente bonitos. Uma área geograficamente adequada para o cultivo de subsistência do povo inca, com seu solo fértil e seu longo período de chuvas, além de, por estar localizada em uma região isolada e de difícil acesso, proporcionar uma defesa natural contra possíveis invasores.

O tour pelo Vale Sagrado começou em um ônibus turístico no centro de Cusco. E, logo no início do passeio, já em direção à Pisac, já foi possível começar a apreciar a beleza das montanhas pela janela do ônibus. A vontade era pedir ao motorista que estacionasse para que pudéssemos apreciar tudo com mais calma e, obviamente, fotografar. Mas, felizmente, uma parada obrigatória em um mirante estratégico fazia parte da programação antes do primeiro destino (Mirador Taray). Pausa para se encantar com aquela estonteante paisagem peruana!!





Pisac fica a cerca de 35 Km de Cusco e corresponde a um importante sítio arqueológico da região. Mas antes de chegarmos à zona arqueológica em si, o ônibus parou no povoado de mesmo nome para uma visita a mais uma destas lojas pega-turista que tem sempre algum acordo com a agência de turismo. Neste caso, era uma loja especializada em objetos feitos a partir de prata e cristal. Há uma breve explicação sobre como reconhecer se o produto foi realmente feito com prata de verdade ou se é uma imitação barata. Acabada a explicação, a nossa intenção era sair logo da loja, mas dessa vez (pela primeira vez em uma loja pega-turista nesse estilo), não resistimos!!! Tinha tanta coisa bonita, especialmente feita de cristal (e por preços não tão salgados!!) que acabamos comprando (e prefiro não lembrar que, depois, achei peças semelhantes em outras lojas, por valores mais acessíveis!!!).



Em Pisac, antes de seguir para a zona arqueológico. Nas calçadas, já começam a aparecer as tendas que vendem artesanato local


Enfim, chegamos ao parque arqueológico de Pisac. Logo no início, o guia começa a dar algumas informações históricas sobre o local, enquanto percorremos o trajeto até o conjunto principal de ruínas, nos deixando um tempo de cerca de 1 hora para explorar o lugar por conta própria. As principais ruínas de Pisac localizam-se no topo de um monte, com uma vista espetacular para a região. De um lado, um precipício com vista para o gigantesco vale. Do outro lado, uma ladeira íngreme com aquedutos construídos pelos incas para canalizar a água, terminando em um rio. Do outro lado do rio um paredão natural, parte de uma montanha que servia de cemitério para os incas. Pela improvável localização, não é de se estranhar que aquele conjunto de tumbas dentro da montanha tenha demorado a ser descoberto pelos arqueólogos. Impossível não ficar imaginando como os incas conseguiam fazer daquela parede íngreme e montanhosa um lar para seus mortos e, principalmente, o motivo que os levavam a enterrá-los exatamente naquele local tão pouco prático. Ali também é possível explorar o principal "prédio" em ruínas do lugar, sendo necessário, para isso, seguir subindo pelas escadas da construção.À primeira vista, 1 hora parece suficiente para explorar o local, mas, na verdade, acaba sendo pouco tempo. Por isso, detesto depender de tours guiados!!!

Chegando no sítio arqueológico de Pisac



Nesta montanha é possível ver buracos em sua parede, onde foram descobertas tumbas






Era hora de seguir mais 60 Km de estrada entre as montanhas em direção a Ollantaytambo. No caminho, paramos em um restaurante para o almoço, já incluso no valor do tour. O restaurante era simples e tinha uma comida bem caseira, mas, como quase tudo que comemos no país, estava delicioso. E ainda com direito a mais de um tipo de sobremesa!!

Chegamos a Ollantaytambo por volta das 15h. O ônibus parou logo na entrada da zona arqueológica ao lado de mais uma feira de artesanato local. Para conhecer as ruínas do lugar, mais uma vez incrustada na parede de um monte, é preciso estar disposto para subir inúmeros e elevados degraus. Ainda bem que, a esta altura, após o início da viagem na elevada altitude de La Paz, já estávamos perfeitamente aclimatados e o ar rarefeito do lugar não tinha mais nenhum efeito negativo sobre nós. Subimos os degraus seguindo o guia e os outros inúmeros grupos de excursões, com paradas estratégicas para descansar e ouvir as explicações do guia. Não precisa nem dizer que as ruínas são rodeadas por montanhas, não é mesmo? E que o visual é incrível!!

Logo na montanha localizada bem em frente à escadaria que subíamos, duas curiosidades: as ruínas de uma espécie de depósito, estranhamente posicionado na parede íngreme da montanha e que, teoriza-se, ter servido para armazenar e refrigerar alimentos (isso mesmo!!! Refrigerar!!! Naquela exata localização, as aberturas presentes no depósito receberiam diretamente os ventos gelados provenientes da Cordilheira dos Andes e, assim, conservaria o alimento cultivado. Tem como não se espantar com a engenhosidade do povo inca?); e a imagem que lembra o perfil de um homem na rocha (o chamado perfil inca). Se aquela imagem tinha realmente um significado mítico para os incas não se tem certeza, mas pela forma como o sol, a determinada hora do dia, alinha-se perfeitamente com o perfil, muitos afirmam que sim (obviamente, tudo pode passar apenas de uma coincidência e os incas nunca terem nem percebido que aquela rocha se assemelhava ao perfil de um homem!!! Acredito que nunca saberemos ao certo!!).   

Chegando em Ollantaytambo

Durante a subida

Na foto, é possível ver o provável reservatório de alimentos chavado na montanha e o famoso perfil inca


Chegamos ao topo cansados mas gratificados pela linda visão em 360 graus, com a possibilidade de ver a Cordilheira dos Andes ao fundo, separando aquela região montanhosa da Floresta Amazônica localizada logo do outro lado do conjunto de picos nevados.

Ao fundo,a Cordilheira dos Andes encoberta pelas nuvens












O tour estava se encerrando e o grupo voltaria com o guia para Cusco sem mais nenhuma parada pelo caminho. Nós, no entanto, nos despedimos da excursão aqui e permanecemos na cidade de Ollantaytambo, onde pegaríamos o trem às 19h daquele dia em direção a Águas Calientes, cidade estratégica para se conhecer Machu Picchu no dia seguinte (no próximo post explicarei a logística para se chegar e conhecer essa maravilha do mundo).

Aproveitamos para percorrer as ruas estreitas da cidade e tomar sorvete em um dos restaurantes na praça central, enquanto apreciávamos as belíssimas montanhas que circundam a cidade. A estação de trem fica bem próxima da zona arqueológica e do centro, sendo facilmente acessada a pé. E qualquer habitante saberá indicar o caminho. Em torno das 18h, seguimos para a estação de trem, onde aguardamos o horário de saída. 

Rua de Ollantaytambo

Praça central de Ollantaytambo

A caminho da estação de trem



Na estação de Ollantaytambo, há trens de duas companhias ferroviárias, saindo para Aguas Calientes ou para Cusco: a Peru Rail (escolhida por nós) e a Inca Rail. Já havíamos comprado os tickets online no Brasil para garantir nossa vaga. No próximo post, explicarei o passo a passo de como efetuar a compra e seguir para Aguas Calientes.



A viagem demorou cerca de 2 horas e, infelizmente, por já ser noite, não foi possível apreciar a passagem que, certamente, deve ser belíssima. Chegando em Aguas Calientes, descemos na estação local. Na verdade, a estação serve mais para quem está pegando o trem e deixando a cidade. Na chegada, o trem para do lado de fora da estação, praticamente no meio da rua. Esta rua,que contém o trilho do trem,separa o muro da estação de uma série de construções, entre as quais: restaurantes, hostels e lojas de souvenir. E imediatamente atrás destas construções está o caudaloso, barulhento e violento rio que corta a pequena cidade (a parte de trás desses restaurantes, lojas e hostels correspondem, praticamente, a uma das margens do rio!!). E nosso hostel ficava exatamente ali, entre o trilho do trem e o rio: o Adelas Hostel, super simples, mas contendo o básico para uma noite. Conseguimos um quarto com banheiro privativo por um preço bem em conta. O café da manhã era super simples: banana, pão com ovo e suco de laranja. Mas, para variar, estava uma delícia (que mágica é esta que os peruanos tem nas mãos na hora de cozinhar?).

A janela do nosso quarto dava exatamente para o rio. Vista impressionante, mas também um pouco apavorante. Dormimos tendo o som de suas águas como trilha sonora, enquanto já sonhávamos com o dia seguinte na tão aguardada cidade perdida de Machu Picchu.

Vista da janela do hostel em Aguas Calientes



OBS:

1. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio







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