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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Como é o terceiro dia de travessia entre o Atacama e o Salar de Uyuni: visitando o maior deserto de sal do mundo

E, enfim, chegou o dia em que chegaríamos ao destino da nossa travessia: o indescritível Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, ocupando uma área de mais de 10 mil quilômetros quadrados e localizado a mais de 3 mil metros de altura. Um deserto que chama a atenção não apenas por sua cor incrivelmente branca mas também pelo incomparável nivelamento da sua superfície, permitindo aquelas famosas fotos em perspectiva que 10 em cada 10 turistas tiram quando chegam ao deserto.

No nosso caso, teríamos uma emoção a mais durante a visita ao salar: assistir ao sol nascendo no deserto como primeira atividade daquele último dia de travessia.

O Salar de Uyuni

Sendo assim, tivemos que madrugar. Nosso guia colocou a bagagem do grupo em cima do 4x4 e saímos ainda sonolentos pela estrada. Mas logo ali, bem perto do nosso hotel, já se encontrava o salar e, bem mais rápido do que pensávamos, já estávamos cruzando o solo branco do deserto. 

No horizonte, um ainda tímido clarão começava a se formar, anunciando o nascer do sol. Ao longe, víamos outros carros que levavam seus passageiros para o mesmo local que nós: a Isla del Pescado.

Localizada no meio do deserto, a ilha corresponde a uma formação rochosa repleta de cactos gigantes. Por si só, ela já valeria a visita. Mas o local ainda se tornou ainda mais especial por ser o ponto de encontro de todos que querem assistir ao sol nascendo no salar. Lá convergem os turistas que chegam do Atacama, como nós, e os turistas que chegaram à cidade de Uyuni por outras vias (avião, por exemplo) e contrataram um tour para ir a Isla del Pescado de madrugada.

A Isla del Pescado

Mas algumas informações básicas são necessárias para quem vai assistir ao sol nascendo a partir da ilha: primeiro, por estarmos acima de 3 mil metros de altitude e por ser madrugada em uma área completamente desértica, estará fazendo muito frio. E quando digo muito frio, é muito mesmo. Não faço ideia de quantos graus faziam, mas o vento diminuía ainda mais a sensação térmica, à medida que subíamos ao topo da ilha. Portanto, prepare-se para estar muito bem agasalhado. O guia nos alertou, mas achei que ele estava exagerando e deixei minhas luvas e meu cachecol no carro. Pensem no arrependimento! Foi um dos maiores frios que senti na vida!

Segundo que, como já dei a entender acima, você irá subir por uma trilha até o topo. Não é uma subida exatamente complicada, mas que é dificuldade pela alta altitude e pelo vento congelante. A trilha é toda sinalizada e recomenda-se que não se desvie do caminho.

E, terceiro, você deverá pagar 30 bolivianos para acessar a ilha. Portanto, certifique-se de levar esta quantia. Cartão de crédito não é aceito (pelo menos, por enquanto).

Confesso que a subida, contra o vento frio, não foi nada fácil. E chegamos ao topo quase congelados. Mas não deixei que isto atrapalhasse o momento. O espetáculo de assistir ao sol nascendo em meio aqueles cactos enormes e de presenciar seus raios iluminando aos poucos o salar que ia, então, descortinando toda a sua branquidão aos nossos olhos foi inesquecível.

E o sol começa a nascer


Os cactos gigantes são os nossos companheiros

O branco do salar vai se tornando mais evidente


E, enfim, o sol desponta no horizonte


Cada vez mais alto


E mais alto


Vários turistas acompanham o espetáculo em meio aos cactos

À medida que o sol se ergue a ilha forma uma sombra sobre o deserto


Um momento, realmente, único!


Terminado o espetáculo da natureza, aproveitamos para apreciar melhor a Isla del Pescado e sua vegetação, enquanto descíamos de volta à sua base. Durante todo aquele tempo, nosso guia preparava nosso café da manhã que seria tomado em mesas de sal estrategicamente construídas ali. Cada 4x4 tem a sua mesa, de forma que cada grupo possa desfrutar do desjejum logo após o nascer do sol.

Explorando a Isla del Pescado


Olha o tamanho destes cactos


Impressionante!


Descendo a ilha

Local da ilha onde é feita a compra do ingresso e onde iniciamos a subida. Há também um banheiro que pode ser usado por quem adquiriu o ingresso


Em frente, ficam os 4x4, cada um com sua mesa de sal onde é servido o café da manhã

Uma das nossas companheiras de travessia teve a ótima ideia de colocar uma música para tocar no seu celular enquanto comíamos. E, assim, tomamos café da manhã dançando em pleno Salar de Uyuni. Foi maravilhoso!

Nosso café da manhã em meio ao Salar de Uyuni


O sol já mais alto nos aquecendo enquanto comíamos na base da Isla del Pescado


Chegara, então, o momento de seguir no 4x4 explorando o deserto. A grandiosidade do salar impressiona e, olhando para o horizonte em qualquer direção, ele parece não ter fim. É como se  tivéssemos sido transportados para outro planeta, para um sonho ou para outra dimensão.

E vamos explorar o salar


Uma imensidão de sal

O nosso grupo de travessia no Salar de Uyuni



Começando a brincadeira


Como era setembro, época de poucas chuvas, o solo estava seco, diferente do período logo após as chuvas (janeiro e fevereiro), quando uma fina camada de água forma um espelho impressionante em todo o salar. Pretendo, um dia, voltar nesta época para poder ter outra imagem do local.

Curiosamente, logo abaixo do solo de sal em que pisamos, há uma camada de água, o que pudemos observar a partir de alguns buracos que encontramos no caminho. E é tudo sal mesmo, ok? Na dúvida, até experimentei!

É sal mesmo


Um privilégio poder pisar neste lugar

Um dos solos mais nivelados do mundo

Nosso 4x4 seguindo pelo Salar de Uyuni (ele estava parado na foto, ok?)

À distância, já víamos outros grupos parando o 4x4 para fazer uma das atividades mais populares em Uyuni: tirar fotos em perspectiva, brincando com o conceito de profundidade e se utilizando de vários objetos diferentes para criar fotos divertidas.

Chegara nossa hora de começar a fotografar. Nosso guia parou o 4x4 e todos desceram empolgados. Mas, para nossa surpresa, ele apenas disse que poderíamos pegar um dinossauro de brinquedo que tinha no carro e permaneceu lá dentro, ao contrário do que havia lido antes: de que os guia ajudam com as fotos.

Parece até fácil, né? coloca o objeto mais na frente e a pessoa vai mais para trás e pronto! Mas não é tão simples assim. E, sem orientação, ficamos um pouco perdidos. Eu mesmo fui falar com o guia e pedir para ele nos ajudar. Ele não apenas se recusou como foi antipático. Que raiva!!! E, depois disso, já ouvi tanta gente me contar como o guia tirou fotos incríveis no salar que minha raiva dele só aumentou. Portanto, quando contratar o passeio, foque bem neste ponto e se certifique de que o guia ajudará nas fotos.

Com isso, acabamos perdendo um tempão tentando encontrar o melhor ângulo para as fotos. O grupo tentou ao máximo e até conseguimos algumas fotos, mas não tantas como pretendíamos devido ao tempo perdido. Eu, inclusive, havia levado vários objetos específicos para este fim, mas acabei não usando nem metade.

Abaixo, uma foto dos bastidores:



Muitas fotos frustradas:






E algumas que deram certo:








De qualquer forma, foi bem divertido estar ali. Só espero que, da próxima vez, tenhamos mais sorte com o guia.

Seguimos, então, para conhecer alguns ícones do Salar de Uyuni, como a Ilha das Bandeiras e a escultura de sal em referência ao Rally Dakar Bolívia, bem próximos um do outro.

Obviamente, encontramos bandeiras brasileiras na ilha. Mas não apenas bandeiras dos países podem ser encontradas ali. Muitos turistas acabam deixando bandeiras de times de futebol também por lá.

Ilha das Bandeiras no Salar de Uyuni


Cada um tirou foto próximo à bandeira do seu país


Monumento ao Rally Dakar Bolívia

Percebam como as bandeiras e a escultura ficam próximos

Chegava ao fim a nossa visita ao salar e o 4x4 seguiu rumo à cidade de Uyuni. Mas não sem antes parar em um local repleto de lojinhas com lembrancinhas do salar e produtos do artesanato local.

Pausa para comprar lembrancinhas

Cruzamos, então, a cidade de Uyuni e seguimos ao famoso Cemitério de Trens, localizado nos arredores da cidade. O local é, na verdade, uma área onde foram sendo jogadas locomotivas velhas, uma espécie de sucata. Mas, como nada se perde, tudo se aproveita, o lugar acabou virando ponto turístico. E seus trans antigos acabam fazendo a festa dos viajantes.

O Cemitério de Trens em Uyuni


Várias locomotivas antigas estão dispostas no local


A gente explorou algumas delas, mas cuidado para não se cortar no ferro enferrujado













Enquanto visitávamos os trens, nosso guia ficou preparando nosso almoço numa casinha ali perto. Mais uma vez, estava uma delícia. Eles serviram uns bolinhos feitos à base de quinoa que estavam divinos. Se teve algo que nos agradou nesta travessia foi a comida.

Barriga cheia, chegava ao fim nosso passeio. O guia seguiu ao centro da cidade de Uyuni, nos deixando em frente a uma agência de viagem com quem tem parceria. Ali era hora do grupo se separar, cada um com um destino diferente: a brasileira seguiria para o terminal de ônibus para seguir viagem pela Bolívia (até Copacabana), o espanhol iria para um hostel onde passaria a noite e as inglesas seguiriam para o mais famoso hotel de sal de Uyuni, onde completariam a sua experiência no salar.

Já nós dois seguiríamos em um transfer, previamente contratado, para a cidade de Tupiza, onde pegaríamos um ônibus até Tarija, cidade ao sul da Bolívia, em que compareceríamos a um casamento no dia seguinte. 

Durante nosso curto tempo de espera, já deu para perceber como Uyuni é precária e pouco desenvolvida. Por ter um aeroporto e ser a base para se conhecer uma das principais atrações do país, imaginei uma cidade mais rica. Mas acabei me surpreendendo negativamente, com exceção da sua praça principal que é até simpática.

Torre do Relógio de Uyuni, um dos marcos da pequena cidade


A praça central de Uyuni

De qualquer modo, não deu para explorá-la melhor pois não estávamos encontrando nosso transfer, o que acabou gerando ansiedade e uma busca enlouquecida pelo motorista que deveria nos levar a Tupiza. Chegamos a nos desesperar achando que tínhamos levado um golpe e que perderíamos o casamento, mas, no final, foi apenas um mal entendido a respeito do local de encontro.

E, assim, finalizamos nossa travessia logo após o almoço e seguimos viagem pelas estradas bolivianas, em uma nova travessia que viria a nos deixar bem mais aflitos do que os dois dias e meio passados atravessando um deserto... Mas depois conto esta história para vocês!

Para mais informações sobre esta viagem, dei várias dicas sobre a travessia entre o Atacama e Uyuni em outro post.

Também já tem post sobre o primeiro dia e o segundo dia de travessia.


OBS:
1. Os preços indicados neste post correspondem aqueles em vigência na época da viagem. Recomendo pesquisar novamente os valores das atrações na época da sua viagem.

2. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio

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