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domingo, 15 de julho de 2018

Como é o segundo dia de travessia entre o Atacama e o Salar de Uyuni

A primeira coisa que posso falar sobre o segundo dia de travessia é que ele não é tão bom como o primeiro em termos de paisagem. Não que não tenhamos passado por lugares lindos, mas é que o primeiro dia, passando pelas Lagunas Branca, Verde e Colorada e pelos Gêiseres Sol de la Mañana é surreal.

Mas a principal questão que faz este segundo dia não ser o nosso preferido é que boa parte do tempo  à tarde é gasto dentro do 4x4, já que não há tantas paradas como no dia anterior. E tem hora que o assunto acaba e a paisagem na janela, que pouco varia, não ajuda.

Já pela manhã, até que tivemos um número razoável de paradas. A hospedagem em que ficamos se localiza em uma área geográfica cheia de rochas dos mais variados tamanhos e formatos e foi exatamente estas formações o foco daquela manhã.

A paisagem típica do segundo dia de travessia

Após tomar nosso café da manhã, deixamos nosso "hotel" no 4x4 e, em poucos minutos, já parávamos para ver a primeira formação rochosa, famosa por lembrar a taça da Copa do Mundo. Confesso que não me atraio muito por estas formações que se assemelham a isso ou aquilo. Mas turista é assim: basta alguém dizer que algo é famoso que já está lá tirando foto.


E como bom turistas que somos, fotografamos a "taça". A maioria das pessoas escalam a rocha até a metade dela para sair na foto. Eu não tive tanto entusiasmo para tal, já que, além de tudo, Copa do Mundo é algo que me deixa com preguiça, assim como qualquer referência a ela.

A rocha em formato de taça da Copa


Havia fila para subir a rocha e fotografar a "taça"


Confesso que achei os arredores mais interessetantes


Bem mais interessante

De volta ao 4x4, mal nos acomodamos, o guia já parava de novo para vermos outra rocha, agora com o formato de camelo. Já perdi a conta de quantas rochas já vi com o formato de camelo no mundo. Mas lá fomos nós, descendo mais uma vez para fotografar a formação. Em geral, alguns mais aventureiros, sobem na rocha, mas como percebemos, não é uma subida nada simples e ninguém do grupo quis se arriscar, de forma que passamos pouco tempo ali.

A rocha com formato de camelo


Logo depois, paramos em um aglomerado de formações conhecido como "Itália Perdida", que, pelo que entendi, recebeu este nome devido a um grupo de italianos que acamparam por lá. Aqui, o guia nos deu tempo livre para explorar, fotografar, curtir a paisagem e escalar as rochas.

Chegando à "Itália Perdida"


E já fomos escalando a primeira que vimos


Amamos esta abertura natural na rocha

As rochas se espalham nos mais variados formatos e alturas


Para os mais dispostos é possível subir as pedras mais altas

A nossa formação preferida na "Itália Perdida"

O que não sabíamos é que nesta área rochosa há inscrições rupestres de antigas civilizações. Nosso guia não se deu ao trabalho de nos mostra-las (e nem de cita-las). Só descobri porque um amigo meu que fez o mesmo passeio com a mesma agência (a Cruz Andina), mas com um guia diferente, nos contou depois que o grupo foi levado para ver as inscrições. Guia péssimo, o nosso!

Passamos mais de uma hora por lá e gostamos muito de conhecer a "Itália Perdida", mas tínhamos que seguir viagem. Pouco tempo depois, paramos em uma laguna, cujo nome, infelizmente, não recordo (na verdade, o guia nos disse o nome com tanta má vontade que não tive coragem de pedir para que ele repetisse). A laguna, no entanto, não tinha nenhuma cor característica como as do dia anterior, mas tinha algo bem especial: vários flamingos. Infelizmente, eles estavam bem mais distantes do que na Laguna Colorada, de forma que quase não deu para vê-los.

Mais uma laguna com flamingos no caminho. Infelizmente, eles não aparecem na foto.


Com boa vontade, é possível ver alguns flamingos na foto.

Àquela altura já se aproximava a hora do almoço e o guia parou de frente para uma casa onde ele prepararia nosso almoço. Antes, no entanto, ele nos indicou a curta trilha até a bela Laguna Negra, a nossa atração preferida do dia.

Iniciando a trilha até a Laguna Negra


Amamos a combinação da vegetação rasteira com as rochas

No caminho conhecemos mais este ilustre morador da região. Consegue vê-lo correndo próximo à pedra no meio da foto?


Ele se chama viscacia e é um roedor da família da chinchila


A Laguna Negra é rodeada por rochas e estavam todas tomadas pelos diversos grupos que chegavam ao local. Uns mais corajosos do que os outros subiam até as rochas mais altas. Outros aproveitavam a calmaria do local para tirar um cochilo. Nós ficamos nas rochas mais baixas, fotografando, apreciando e caminhando até a margem.

Chegando à Laguna Negra


Bom que tivemos tempo suficiente para apreciar o lugar com calma
Chegando próximo à margem



Subindo até um ponto mais alto




O que não falta em torno da Laguna Negra são rochas

Na hora combinada com o guia, retornamos para a casa onde almoçamos. A comida estava, mais uma vez, deliciosa. A quinoa, alimento típico da região e cujo cultivo vimos em algumas partes da estrada, é muito popular e muito bem preparada por lá. 

Ali, na pequena e humilde casa, encontramos também o primeiro banheiro do dia, mas sem descarga. Após o uso era necessário usar o balde de água que ficava na porta. 

Encontrando um filhote de lhama perto de onde almoçamos

Seguimos, então, viagem até o Cânion da Anaconda, um desfiladeiro que recebe este nome devido ao rio de formato sinuoso que corre no vale abaixo. Segundo os locais, o rio lembra uma anaconda, o que acabou dando o nome atual ao local.

O Cânion da Anaconta. Olha o rio sinuoso lá embaixo.


Chegando e seguindo para o o mirante rochoso onde os turistas se concentram

Quem tem medo de altura pode se sentir desconfortável aqui


Bem perto da margem


Fingindo ser corajoso


Obviamente, é preciso ter cuidado na hora de tirar as fotos no desfiladeiro. Escorregar na sua beira será, certamente, fatal.

Quem se sentir receoso pode apenas apreciar de longe

Chegara a hora de seguir por um longo tempo no 4x4. O destino era o minúsculo povoado de Colcha K. Pelo caminho, poucos sinais de civilização, representados por pequenas fazendas paupérrimas, plantações de quinoa e criação de lhamas. Estes, inclusive, foram o motivo para ganharmos uma parada extra no caminho. Vimos vários deles na estrada e pedimos ao guia para parar.

Guanacos


Muitos deles

Chegamos a Colcha K em torno das 16h da tarde. Lá, na verdade, não tem nada pra fazer e serve mais como uma pausa para descanso. Há um pequeno mercado, vendendo água, bebidas e alguns lanches (único local de toda a travessia onde era possível comprar algo), um banheiro pago (o melhor de toda a viagem) e um trilho de trem desativado com uma antiga locomotiva servindo de decoração para o povoado.

Como Colcha K não tem nada pra fazer, ficamos mesmo brincando no trilho desativado


Pelo menos assim, passávamos nosso tempo


E teve foto na antiga locomotiva também

O dia estava chegando ao fim e a próxima parada seria já no hotel onde dormiríamos naquela noite. Embora descrito como hotel de sal, o local era bem fake neste aspecto, mas o que nos importava mesmo era a qualidade superior ao da noite anterior. Tanto que, desta vez, todos se animaram por um banho quente (também pago).

O "hotel de sal" na segunda noite


O jantar foi uma das melhores refeições da travessia. Havia diversos tipos de batatas cultivadas na região, assim como um frango que estava delicioso. E a opção vegetariana foi aprovada por Técio. Como ainda era cedo, passamos um bom tempo conversando com o nosso grupo em torno da mesa até chegar a hora de dormir. 

Não fomos dormir tarde, pois sairíamos no outro dia às 5h da manhã, com o objetivo de assistir ao nascer do sol no Salar de Uyuni. Na verdade, já estávamos ao lado do salar, mas só o conheceríamos no dia seguinte. E seria inesquecível.



OBS:
1. Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio



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