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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Machu Picchu: uma experiência inesquecível

E o dia mais esperado da viagem ao Peru havia chegado... Finalmente, iríamos adentrar a tão icônica cidade perdida dos Incas!!

Mas contrariando toda a nossa torcida para que aquele dia fosse tão ensolarado quanto o anterior, ao abrir as cortinas da janela, várias nuvens pesadas já tomavam conta do céu e gotas de chuva já caiam sobre o caudaloso rio de Aguas Calientes. Pelo visto, o sol dificilmente apareceria naquele dia. E, a partir daí, já comecei a ficar um pouco ansioso, com medo de não conseguir apreciar todo o esplendor de Machu Picchu. No entanto, quem estiver pretendendo conhecer o lugar na época das chuvas deve ter em mente que há uma chance alta do dia escolhido para a visita amanhecer chuvoso. A natureza, não se controla!!

A partir daquele momento, só nos restava torcer para que as nuvens se dissipassem um pouco e não atrapalhasse o passeio. Já na fila para pegar o ônibus que subiria a montanha, compramos nossas capas de chuva e iniciamos o trajeto pela estrada estreita e repleta de curvas que sobe até a cidade perdida. Aqui, o visual já é incrível e, de certa forma, as inúmeras nuvens que abraçavam as montanhas já começavam a dar uma atmosfera cada vez mais mística ao lugar...





E, enfim, já estávamos dentro da cidade perdida... a cidade inca construída no século XV numa improvável localização... Abandonada e apenas descoberta em 1911... Localizada a 2400m de altitude e composta por uma série de ruínas de antigas construções (habitações, templos, armazéns)... Não há exatamente uma rota específica a ser seguida para conhecer a cidade. Para nós, a melhor forma de percorrer o local, é seguir sem rumo, desbravando o labirinto de ruínas, subindo suas inúmeras escadas, caminhando por suas diversas ruas e parando em cada "esquina" para apreciar todo o visual da cidade... e não só da cidade em si, mas também da esplendorosa natureza que a contorna...








Sério que os incas acordavam com aquela vista todos os dias? Um belíssimo conjunto de montanhas envolve a cidade em 360 graus... montanhas verdes e imponentes que, naquele dia em específico, eram, de minutos em minutos, cobertas e descobertas pelo balé de nuvens que insistiam em envolver a tudo e a todos como se para nos fazer acreditar que aquilo tudo era onírico demais para ser real...





Perdemos a conta de quantas vezes paramos nos vários precipícios panorâmicos para apreciar a paisagem em torno... para tentar enxergar através das nuvens... para que, do alto, nossa visão alcançasse os vales e rios que haviam ficado lá embaixo... e, para refletir... sim! Refletir!! Acho muito improvável que qualquer ser humano consiga passar um tempo naquele lugar sem que surjam uma série de indagações, das mais simples as mais filosóficas: quem eram os incas? como eles conseguiam ser tão engenhosos? por que construir uma cidade em uma local tão improvável? teríamos herdado algo dessa antiga civilização? havia naquele povo alguma força incompreendida, atualmente, por nós? o que somos nós diante de tanta riqueza histórica e cultural que permeia a imensidão do nosso planeta? e o que significa nosso tão minúsculo planeta frente a imensidão do universo? o que vem após a morte e que tipo de herança espiritual podemos deixar nesse mundo após a nossa partida?





E, assim, passamos um pedaço do nosso tempo ali, sentados num banco de pedra inca, com nossos olhos voltados paras as nuvens e nossa mente voltada para o além... foi mágico, foi único, foi inspirador... já ouvi muita gente falar sobre uma energia que se sente durante a visita a Machu Picchu... não acho que eu tenha sentido exatamente uma energia... mas me senti mais leve... me senti mais conectado com o meu espírito... e com uma estranha sensação de que tudo daria sempre certo...



Mas não apenas o conjunto geral de habitações e a magnífica paisagem chamam a nossa atenção... alguns pequenos detalhes tornam tudo mais mágico: lhamas vivendo livremente pelos belíssimos terraços agrícolas... a janela de um antigo cômodo inca emoldurando as montanhas ao fundo... a engenhosidade inca representada pelo inteligente sistema de canalização da água... e o mais belo de todos os detalhes: a Árvore Solitária, que, sozinha em meio àquele esplendor, vigia os inúmeros visitantes que, diariamente, se encantam com Machu Picchu!







Para aqueles mais aventureiros e com mais tempo, é possível subir Huayna Picchu (mas lembre-se de adquirir o ingresso específico para isso, como expliquei no post anterior). Também é possível seguir a trilha até a chamada Ponte Inca. Basta seguir as placas que, facilmente, você encontrará o caminho. Primeiro, você sobe um trecho curto até uma espécie de portaria, onde você deve assinar um livro indicando a hora que passou daquele local, e devendo assinar novamente na volta. Pelo que entendi é uma forma de controlar se todos que seguiram a trilha retornaram. Isso por que, a partir daqui, o caminho beira a montanha: de um lado o paredão montanhoso... do outro, o nada... acredito que a vista durante a caminhada deve ser incrível, mas, como naquele lado da montanha, as nuvens estavam mais densas, não foi possível enxergar praticamente nada (mas calma!! Era perfeitamente possível, enxergar o caminho!!). Pena que a chamada Ponte Inca não passa de um toco de madeira unindo as duas bordas do caminho em que estávamos (sabe-se lá por que não havia caminho especificamente naquele trecho). Não precisa nem dizer que é proibido atravessar a ponte. Mas como há doido para tudo, até entendo a necessidade do livro de assinaturas no início do trajeto!!



De forma geral, a zona arqueológica de Machu Picchu envolve duas grandes zonas: a agrícola, composta pelos terraços onde eram realizados os cultivos e onde, atualmente, você pode interagir com algumas lhamas; e a urbana, representada pelas ruínas das habitações e templos incas. Em algumas áreas, o acesso é proibido, provavelmente, por ser perigoso e em outros é possível ver arqueólogos ainda trabalhando na tentativa de descobrir ainda mais informações sobre o lugar.

Algumas dicas:

01. Tente chegar cedo. Em torno de meio-dia, a cidade já está repleta de gente, dificultando o acesso pelas ruas e degraus.

02. Leve água. Não vi para vender no interior da cidade perdida.

03. Na área onde os ônibus chegam há restaurante, caso queiram comer antes ou depois da visita, e banheiros (estes pagos).

04. Se estiver chovendo, leve uma capa de chuva. Andar de guarda-chuva no meio da multidão não é nada prático.

05. Há guias no portão de entrada oferecendo seus serviços caso seja do seu interesse (preferimos explorar sem guia).

06. Caso pretenda explorar a cidade sem guia, sugiro que leia um pouco sobre o lugar antes da viagem.

07. No portão de entrada há um mapa da cidade perdida, fornecido gratuitamente. E há também inúmeras placas espalhadas pelas ruínas informando os caminhos: para o acesso de subida a Huayna Picchu, para a Ponte Inca, para a saída.

Infelizmente, nosso trem de volta a Cusco sairia as 16h e, em torno das 14h, tivemos que pegar o ônibus de volta a Aguas Calientes. Enquanto esperávamos, resolvemos almoçar o famoso ceviche peruano. Quer dizer, tentamos almoçar... odeio qualquer alimento cru... e os peruanos podem dizer mil vezes que aquele peixe é pré-cozido no limão... para mim, tinha aparência, consistência e gosto de cru... pelo menos ninguém pode dizer que não tentei!!

A boa notícia, é que a vista do trem, na volta para Cusco, é belíssima... mais montanhas... mais rios... e ainda picos nevados da Cordilheira dos Andes... uma visão perfeita para fazer companhia aos nosos pensamentos que permaneciam na incrível cidade de Machu Picchu, um lugar que jamais esquecerei e para o qual pretendo voltar um dia... um lugar que, sob chuva ou não, conseguiu entrar na minha seleta lista de lugares preferidos no mundo!!

Recomendo fortemente que qualquer um conheça!!



Obs:

01. As dicas práticas para se conhecer Machu Picchu estão no post anterior:

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