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terça-feira, 21 de junho de 2016

Nem sempre o clima é o melhor amigo do viajante

Quem nunca se deparou com aquela mudança climática inesperada (ou até mesmo esperada mas, ilusoriamente, renegada) durante uma viagem? Você resolve passar o feriado na praia e, do nada, começa a chover. Ou você finalmente consegue realizar o sonho de viajar à Europa na primavera e a chuva não te deixa nem mesmo fazer aquele piquenique que você esteja planejando. E não vou nem falar das fotos que ficam com aquele cinza depressivo atrapalhando a paisagem.

E isso tudo porque a natureza é imprevisível e, principalmente, incontrolável. Portanto, você pode desenhar em sua mente uma linda tarde de sol em Paris e ter toda a sua pintura imaginária descolorida por nuvens cinzentas que insistem em encobrir o céu azul. Ou pior, sua imaginação pode ser completamente encharcada por uma chuva torrencial completamente fora de época. E não há nada que você possa fazer, a não ser comprar um guarda-chuva e readaptar seu roteiro da melhor forma possível.

Confesso que este é um dos temas que mais me deixam ansioso antes de uma viagem. Eu conheço algumas pessoas que até preferem o clima mais nublado, mas comigo ocorre exatamente o oposto. Uma viagem se torna muito mais prazerosa tendo o céu azul como moldura. Dias cinzas me deprimem. Como eu lido com isso, então?


Na verdade, confesso que ainda venho tentando aprender. Talvez até por isso tenha resolvido escrever este texto, numa tentativa de refletir melhor sobre o assunto. Afinal, se eu chego ao destino planejado e quando acordo está caindo aquela chuva inesperada, eu (e quem estiver comigo) tenho que lidar com alguns minutos de mau-humor.  Não paro de olhar o céu em busca de um ponto azul que me traga esperança de que o clima irá mudar. E com isso vem aquilo que mais deveria ficar longe em uma viagem: a ansiedade.

Exemplos do clima atrapalhando meus planos não faltam. Na nossa última viagem, por exemplo, o final da primavera em Paris, quando, normalmente, os dias são ensolarados e a temperatura não chega abaixo dos vinte graus durante o dia, foi, inesperadamente, acometido por uma frente fria que não apenas fez a temperatura cair em 10 graus (algo que os próprios parisienses não estavam entendendo) como também me impediu de ver o azul celeste durante todos os dias em que estivemos por lá. E vamos combinar: uma foto da Torre Eiffel com o céu azul atrás fica bem mais bonita do que com tudo acinzentado e, pior, com uma nuvem encobrindo seu topo). Ah! E tínhamos levado apenas um casaco, confiando na temperatura média para a época... resultado: fotos emolduradas pelo cinza e com a mesmo casaco todos os dias!

Olho para a foto e, além desse cinza todo, ainda tenho que lidar com essa bola de futebol horrorosa pendurada no maior símbolo da cidade (ideia brilhante dos organizadores da Eurocopa 2016)


E quando fomos a Machu Picchu e resolveu chover no dia da nossa visita à cidade sagrada? Confesso que foi preciso uns 10 minutos até eu me conformar e conseguir aproveitar o lugar. Na Suíça, nuvens pesadas encobriram o topo dos alpes que eu subiria; planos frustrados pelo clima. O mesmo aconteceu com o vulcão Osorno, no Chile, fazendo o passeio retornar da metade (sem devolver o dinheiro que havia pago, por sinal). Em Capri, mesmo com um dia azuladíssimo, o vento agitou o mar e não me deixou fazer o passeio até a Gruta Azul (na verdade, para mim, o mar estava calmo, mas, segundo os locais, ele deveria estar calmíssimo).

Um dia eu volto, Machu Picchu (em um dia de sol, espero!)

Estão vendo a beleza do Osorno? Nem eu (agora eu me pergunto por qual motivo exatamente eu tirei essa foto...)


Chuva, então, sempre acaba aparecendo em nossas viagens, nem que seja por metade de um dia apenas. Nos últimos dois anos, já tivemos que comprar três guardas-chuvas durante nossos passeios. Agora você deve estar se perguntando: e porque vocês não compram um apenas e o leva sempre que viajam. Resposta: porque eu tenho o incrível dom de destruí-los ou, simplesmente, perdê-los (será uma forma inconsciente de negar que a chuva possa se repetir?). O que compramos em Nova York, por exemplo, se desfez completamente quando o abri contra uma ventania em Toronto (inteligência define!). O de Praga foi esquecido por mim na recepção de um hotel em Cracóvia. Já o de Paris foi o meu recorde: não durou nem dois dias e o esqueci na estação de trem. Conselho: nunca deixem um guarda-chuva em minhas mãos.

Saudade do guarda-chuva de Paris! Não durou nem dois dias nas minhas mãos, coitado. Mas foi o melhor que já compramos. Também, por 16 euros... 

Claro que há aquelas viagens que fazemos já sabendo que o clima não estará bom. Nestes casos, é mais fácil lidar com a situação. Afinal, já chego no lugar sabendo que um dia ensolarado seria lucro. E também há aqueles momentos em que o clima acaba te ajudando. Vamos ser justos. Em Viena, poderia ter chovido facilmente, mas São Pedro nos outro momento... será que São Pedro tem alguma implicância comigo??

Ah! Você deve estar se perguntando: afinal, o que fazer quando o clima muda e atrapalha sua viagem? Resposta mais óbvia: aceite e pronto! Vai fazer o quê? Brigar com São Pedro?

Mas claro que há uma ou outra coisa que se pode fazer para, pelo menos, minimizar a frustração:

1. Tente se preparar psicologicamente para mudanças climáticas indesejáveis. Isso sempre pode acontecer. Mesmo no verão (e dependendo da região do globo, com bem mais frequência no verão). Confesso que esta primeira dica é mais para mim do que para qualquer outra pessoa. Preciso aprender a fazer isso.

2. Para evitar ansiedade, olhe o mínimo possível a previsão do tempo. Ela costuma errar com muita frequência, lembra? Então, evite passar uma noite preocupado com a chuva que, teoricamente, desabará no outro dia para depois se deparar com um lindo dia de sol. Aproveite a viagem e apenas aguarde o que não se pode mudar.

3. Tenha sempre um plano B e seja flexível com o seu roteiro. Se naquele dia em que você pretendia passar o dia ao ar livre começar a chover, aproveite o clima ruim para visitar os museus e preencher o máximo possível seu tempo com locais fechados.

4. Mesmo que toda evidência te diga o contrário, leve pelo menos um casaco na mala caso você esteja viajando para lugares onde as temperaturas possam cair (claro que se você estiver viajando para o Nordeste do Brasil, um casaco vai apenas fazer volume na mala. Mas se estiver indo para a Europa ou o Canadá, por exemplo, não custa nada levar pelo menos um casaco, não é?).

5. E não esqueça o guarda-chuva. 

Fazendo aqui nota mental para não esquecer esta última dica...

Por fim, só nos resta aceitar: a natureza não está nem aí para as nossas viagens. Chuva, tempestade, ventania, frente fria podem atrapalhar e muito um passeio previamente planejada. Temos, no entanto, que aprender a nos adaptar a estas situações sem frustrações. E torcer para São Pedro ser camarada na próxima viagem...




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